Sistemas de detecção de colisão não impedem atropelamentos, diz estudo

Teste feito pela Associação Automotiva Americana mostra que veículos até alertam o motorista, mas não conseguem frear a tempo na maioria das situações
Rafael Rigues08/10/2019 15h04, atualizada em 08/10/2019 15h10

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Muitos veículos modernos tem um sistema chamado Automatic Emergency Braking (AEB – Frenagem Automática em Emergência), que é capaz de detectar obstáculos, como outros veículos, no caminho e acionar automaticamente os freios na iminência de uma colisão frontal.

Alguns tem um sistema mais avançado, capaz de detectar pedestres e frear o veículo a tempo de evitar um atropelamento. Mas segundo um estudo feito pela Associação Automotiva Americana (AAA), estes sistemas não funcionam tão bem quanto esperado.

A AAA testou a eficiência deles em quatro veículos ano 2019: um Chevrolet Malibu, um Honda Accord, um Tesla Model 3 e um Toyota Camry. E descobriu que no geral os resultados são muito piores do que o esperado.

O cenário de testes simulava uma rodovia de quatro pistas, e um “pedestre” representado por um boneco deveria cruzar à frente do veículo, numa velocidade de 5 Km/h. Os pesquisadores mediram tanto o tempo necessário para o veículo alertar o motorista como o tempo necessário para que os freios fossem acionados automaticamente, e se o sistema conseguiu ou não evitar um atropelamento.

Resultados preocupantes

Em um teste a cerca de 30 Km/h o Chevy Malibu teve o pior resultado: não conseguiu impedir a colisão em nenhuma das cinco tentativas, mesmo sendo capaz de detectar o pedestre a uma distância média de 19,2 metros. Em duas tentativas os freios sequer foram acionados, mesmo com o pedestre sendo detectado.

O Tesla Model 3, equipado com um dos sistemas de direção autônoma mais avançados no mercado, se saiu um pouco melhor na detecção mas também atropelou o pedestre nas cinco centativas. O Honda Accord, embora tenha notificado o motorista muito mais perto do pedestre (cerca de 9,7 metros), conseguiu frear a tempo em três de cinco tentativas. Em outra conseguiu reduzir sua velocidade a apenas 1 Km/h, suficiente para evitar ferimentos mais sérios ao pedestre.

O melhor veículo foi o Toyota Camry, que notificou visualmente o motorista a 10,8 metros do pedestre e conseguiu parar a tempo em todas as cinco tentativas. Então “ponto para a Toyota”, certo?

Não exatamente. Na velocidade de aproximadamente 40 Km/h o Honda Accord foi o único que conseguiu detectar o pedestre, e parou completamente em duas das cinco tentativas. Todos os outros veículos falharam.

Os pesquisadores também testaram cenários mais complexos. Em um deles usaram um boneco do tamanho de uma criança, saindo de um ponto entre dois carros estacionados junto ao meio-fio. Neste cenário, o Malibu conseguiu reduzir sua velocidade em duas de cinco tentativas, mas não a ponto de impedir a colisão. O Model 3 avisou o motorista, mas não conseguiu reduzir a velocidade em nenhuma tentativa. O Camry simplesmente não detectou a criança, e o Accord conseguiu evitar o impacto em duas de cinco tentativas.

Em um outro teste, com um pedestre atravessando a rua logo após uma curva, os resultados foram ainda mais preocupantes. O Malibu foi o único veículo que alertou o motorista, o que fez em quatro das cinco tentativas, embora não tenha conseguido impedir as colisões. Os veículos da Tesla, Honda e Toyota sequer conseguiram detectar o pedestre.

Isso significa que embora sistemas de colisão sejam um recurso a mais para aumentar a segurança do veículo e de seus ocupantes, não são de forma alguma à prova de falhas. É dever do motorista estar atento aos seus arredores e dirigir com cautela. O melhor computador de bordo, por enquanto, é aquele que está entre as orelhas do motorista.

Fonte: Ars Technica

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital