Ministério da Educação ameaça Wikipédia de processo por artigo sobre ministro

MEC pedia acesso a edição do artigo sobre Abraham Weintraub para exercer "direito a defesa e ao contraditório"
Renato Santino16/08/2019 21h00, atualizada em 16/08/2019 21h05

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O Ministério da Educação e o ministro Abraham Weintraub decidiram partir para o ataque contra a Wikipédia, a famosa enciclopédia colaborativa. Os administradores da página no Brasil receberam uma ameaça judicial relacionada ao verbete com o nome do ministro da página.

Tanto o órgão quanto o ministro já haviam se manifestado contra a Wikipédia no passado, solicitando no início de julho a exclusão do artigo sobre Weintraub da plataforma. A enciclopédia, no entanto, não aceitou remover o artigo; a única mudança foi restringir a edição do texto com a finalidade de evitar “vandalismos”, como são denominadas alterações no verbete feitas para espalhar desinformação ou simplesmente para zombar do tema central do artigo.

Acontece que, ao fazer isso, a Wikipédia também retirou de Weintraub e sua equipe a capacidade de ajustar seu próprio artigo. Por este motivo, o MEC contatou Rodrigo Padula, um dos administradores da Wikipédia no Brasil, para que o acesso a edição fosse liberado a fim de “exercer o seu direito à ampla defesa e ao contraditório”. O ponto que incomoda Weintraub no artigo é, em especial, a menção ao contingenciamento de verbas da educação pública no país.

Reprodução

O e-mail enviado a Padula diz que o órgão aguardaria um período de cinco dias por um posicionamento da Wikipédia sobre o tema. A mensagem também menciona que o “silêncio” da instituição também seria compreendida como uma recusa, que seria seguida das “medidas judiciais cabíveis”.

A solicitação foi realizada na última terça-feira, 13, e foi atendida. O histórico de edição do artigo na Wikipédia registra que, no dia 15, o próprio Rodrigo Padula removeu a proteção com a seguinte justificativa: “Não vejo motivo para manter o bloqueio da página por mais tempo, vamos acompanhar o andamento, conforme edições voltamos a bloquear”.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital