Governo dos EUA pede a extradição de Assange devido à nova acusação

Os EUA querem extraditar Assange sob acusação de conspiração por invadir um computador criptografado para obter informações
Luiz Nogueira12/04/2019 16h26, atualizada em 12/04/2019 17h10

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Julian Assange foi preso, nesta quinta-feira (11), pela polícia metropolitana de Londres, na embaixada equatoriana, onde recebeu asilo por quase sete anos. Assange foi preso por não comparecer a um interrogatório no Tribunal do Magistrado de Westminster, em 2012, enquanto estava em liberdade, após ter pago uma fiança. Mas os advogados de Assange têm uma outra preocupação: o governo dos EUA quer extraditar o réu sob acusação de hackeamento de sistemas para obter informações.

O Departamento de Justiça acusou Assange de conspiração para invasão de computadores, depois que ele supostamente concordou em hackear uma senha de um computador secreto do governo dos EUA. Se condenado, ele poderá enfrentar uma pena máxima de cinco anos de prisão.

Os defensores da liberdade de imprensa manifestaram-se contra a prisão, argumentando que Assange e o canal WikiLeaks estavam trabalhando como jornalistas na tentativa de hackear e publicar informação confidenciais. Mas a lei de mídia e os especialistas em segurança não concordam com esse argumento.

“Se alguém infringiu a lei, hackeando sites do governo e entregando material ao WikiLeaks, isso se encaixa em uma função jornalística tradicional”, disse Roy Gutterman, professor de direito da mídia e de livre expressão da Universidade de Syracuse. “Mas se o pessoal do WikiLeaks realmente fez a invasão, então o governo pode ter um caso polêmico.”

Ao supostamente se oferecer para hackear os computadores dos EUA, Assange está indo além do que um jornalista faria, disse Dave Kennedy, executivo-chefe da consultoria de segurança TrustedSec.

“Esta não é uma fronteira que qualquer um pode atravessar”, disse Keneddy. “Há uma linha tênue entre entrevistar alguém que roubou um banco e ajudar essa pessoa a roubar o banco e depois entrevistá-lo.”

Os promotores norte-americanos argumentam que o acordo de quebra de senha infringiu a lei e indiciam Assange pela suposta tentativa de invasão, e não pela decisão de publicar o conteúdo roubado.

Trevor Tim, diretor executivo da Fundação de Liberdade de Imprensa, disse em um comunicado que jornalistas interagem frequentemente com fontes anônimas e usam serviços de comunicação criptografados, e que essa acusação é uma ameaça a imprensa livre.

Assange deve voltar aos tribunais em 2 de maio, enquanto seus advogados se preparam para combater as exigências de extradição dos EUA.


Via: Cnet

Luiz Nogueira
Editor(a)

Luiz Nogueira é editor(a) no Olhar Digital