Força amplificada, olhos com visão infravermelha e ultravioleta, ouvidos com audição ultra e subsônica e armas com controle mental. Esse é o soldado ciborgue do futuro, de acordo com um relatório do Exército dos Estados Unidos, feito por especialistas do Devcom (Comando de Desenvolvimento de Capacidades de Combate).

Os pesquisadores esboçaram uma série de possíveis tecnologias futuras que poderiam ser usadas para aprimorar os soldados no campo de batalha até o ano de 2050. O “experimento mental”, que envolveu cientistas, militares e especialistas em ética, avaliou o impacto que soldados cibernéticos teriam na sociedade e como isso mudaria a guerra.

A equipe de estudiosos selecionou quatro tecnologias como viáveis nos próximos 30 anos: aprimoramentos oculares na imagem, visão e consciência situacional; restauração e controle muscular programado através de uma armadura optogenética (que combine genética, circuitos neurais e bioengenharia); aprimoramento auditivo para comunicação e proteção; e aprimoramento neural direto do cérebro humano para transferência bidirecional de dados.

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Jean-Claude Van Damme e Dolph Lundgren no filme “Soldado Universal” – Foto: IMDB

O estudo não descarta ainda o desenvolvimento de aprimoramentos neurais diretos do cérebro humano, para transferência bidirecional de dados. Esta tecnologia poderia facilitar a capacidade de comunicação entre humanos e máquinas e permitiria, por exemplo, que combatentes em terra tivessem uma ligação direta com sistemas autônomos e não tripulados, bem como com outros seres humanos na base de operações de comando e controle.

“O potencial de troca direta de dados entre redes neurais humanas e sistemas microeletrônicos pode revolucionar as comunicações táticas dos soldados e acelerar a transferência de conhecimento em toda a cadeia de comando”, aponta o relatório.

O maior entrave para o desenvolvimento de soldados ciborgues não seria tecnológico, mas de opinião pública, de acordo com o estudo. “A introdução de seres humanos aumentados na população em geral, através do Departamento de Defesa, levará a desequilíbrios, desigualdades e iniquidades nos aspectos legais, de segurança e éticos”, diz o estudo.

Uma pesquisa anterior já havia apontado que a maioria dos norte-americanos se mostra preocupada quando se tratou da questão fundamental de saber se esse tipo de tecnologia “se intrometendo com a natureza” e cruzando uma linha que não deve ser cruzada. Essa preocupação é ainda maior entre os religiosos.

Para os pesquisadores, o grau de disposição de uma pessoa de aceitar ou rejeitar o uso de uma tecnologia para fins de aprimoramento humano é baseada no seu nível de entendimento da tecnologia e no grau de compromisso religioso.

O relatório sugere que uma plataforma provável para convencer a população seria o entretenimento: “De Frankenstein ao Exterminador do Futuro, a mensagem geralmente é que a integração da tecnologia com o corpo humano rouba o espírito humano de sua compaixão e leva à violência e graves consequências indesejadas. No entanto, a ficção também pode refletir aplicações imaginativas de tecnologias emergentes, bem como preocupações reais com essas tecnologias”.

Via The Times/Mad Scientist Laboratory