De acordo com autoridades do governo estadunidense, Google, Facebook, Microsoft, Twitter, Snapchat e Roblox concordaram em adotar 11 princípios contra a exploração sexual infantil online. Para tal, será necessário reduzir a criptografia e, consequentemente, a segurança dos usuários gerais.
Foram William Barr, procurador-geral dos Estados Unidos, e Chad Wolf, secretário interino de Segurança Interna, que anunciaram a iniciativa. Funcionários do alto escalão dos governos do Canadá, Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia, e representantes das seis empresas também estavam presentes na conferência de imprensa que divulgou o acordo.
Os princípios combinados visam impedir a propagação do abuso sexual infantil nas plataformas ao adotar medidas de segurança aprimoradas para proteger, especificamente, crianças. “Nós defendemos esses princípios e trabalharemos com nossos membros para difundir a consciência deles e redobrar nossos esforços para reunir a indústria para promover a transparência, compartilhar conhecimentos e acelerar novas tecnologias para combater a exploração e abuso sexual infantil”, disse a coalizão. Ou seja, será necessário que as empresas compartilhem mais dados entre si e com os governos.
Ainda assim, a iniciativa não prevê requisitos relacionados à criptografia – contudo, representantes do governo estadunidense abordaram o assunto durante a conferência. “Reconhecemos que a criptografia é uma ferramenta essencial de segurança cibernética nas mãos das pessoas certas, mas, como qualquer ferramenta, pode ser abusada”, afirmou Wolf.
O governo dos Estados Unidos já possui um histórico de luta contra a criptografia das empresas de tecnologia. O principal motivo é que segurança demais para os usuários pode atrapalhar as investigações das autoridades. “Eles se comunicam usando criptografia praticamente inquebrável”, disse Barr na conferência coletiva. “Os supostos interesses de privacidade dos predadores não devem superar a nossa privacidade e segurança. Há muito risco”, acrescentou. Com a criptografia, fica impossível reunir evidências ou acompanhar possíveis ameaças.
Ao mesmo passo, a criptografia é a única tecnologia capaz de proteger os dados do cartão de crédito de um usuário caso o celular, por exemplo, seja roubado. Em países com regimes opressores, também é a criptografia que impede que os governos espionem e controlem a vida dos cidadãos.
O senador democrata Ron Wyden, que é contra a iniciativa, alertou que o acordo ameaça a liberdade de expressão, segurança e privacidade sem resolver o real problema ao qual se destina. “Essa terrível legislação é um cavalo de Tróia para dar ao procurador-geral Barr e Donald Trump o poder de controlar o discurso online e exigir acesso do governo a todos os aspectos da vida dos americanos”, opinou Wyden. “É uma tentativa desesperada de distrair o fracasso do Departamento de Justiça em solicitar mão de obra, financiamento e recursos para combater esse flagelo, apesar da clara orientação do Congresso há mais de uma década”, completou.
Via: CNET