De acordo com uma proposta divulgada por órgãos reguladores dos EUA na quinta-feira (26), alguns drones devem transmitir dados de rastreamento de rádio para garantir maior segurança e impedir atos terroristas.
A tão esperada minuta de regras exige uma nova e maciça rede de rastreamento para tudo, desde brinquedos a drones comerciais maiores, para que a polícia possa identificar os dispositivos que voam para qualquer lugar, desde áreas urbanas e congestionadas, até zonas rurais.
A medida controversa, proposta primeiramente pela Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA), está sujeita a comentários do público e pode mudar antes de se tornar definitiva. Se adotadas, as novas regras modificam a base fundamental para o avanço do comércio movido por drones, incluindo entregas de bens de consumo de empresas como o serviço Prime da Amazon.
Com algumas poucas exceções limitadas a grupos como operadores de aeromodelos, todos os drones com peso superior a 250 gramas devem transmitir sua posição e a identidade do operador o tempo todo.
A FAA sugere que empresas privadas aprovadas pela agência montem sistemas de rastreamento para drones, replicando o sistema de controle de tráfego aéreo existente para aeronaves tradicionais.
Agências policiais e de segurança interna exigiram um mandato de rastreamento em resposta ao crescente número de ameaças de drones, incluindo vários casos em que os dispositivos interromperam voos de companhias aéreas por voarem próximo a aeroportos.
De acordo com a proposta da FAA, se os operadores de drones quiserem operar livremente, eles têm de transmitir sua identidade a uma frequência de rádio que pode ser monitorada nas proximidades e, simultaneamente, enviada pela internet.
Dessa forma, a polícia pode identificar operadores não autorizados sobrevoando áreas específicas. Ao mesmo tempo, os dispositivos podem ser monitorados a partir de um sistema central remoto.
A proposta não entrará em vigor por três anos após sua finalização, o que significa que voos de entrega rotineiros e outras operações comerciais não serão afetados nos próximos anos.
Adequação às normas
Os drones existentes não precisariam instalar equipamentos de rastreamento imediatamente, mas, na maioria dos casos, seriam proibidos de operar depois que a regra se tornasse lei. A partir de dois anos após a entrada em vigor, os novos dispositivos vendidos teriam de vir de fábrica com um dispositivo de rastreamento integrado.
Como não existe um método atual de rastrear os dispositivos com segurança, os reguladores existentes normalmente exigem que os aficionados civis e os operadores comerciais mantenham seus drones a menos de 100 metros do solo e à vista.
A SZ DJI Technology, maior fabricante civil de drones do mundo, pediu ao governo que não exija a instalação de um sistema de rádio em seus dispositivos, o que pode aumentar o custo. A empresa acredita que um sistema proprietário desenvolvido pode ser usado para rastrear seus dispositivos sem novos equipamentos.
Por outro lado, Wing e Amazon querem uma tecnologia mais formalizada que possa rastrear drones em tempo real em todo o país, semelhante à forma como os radares existentes controlam os aviões a jato. Esse sistema é necessário para manter a ordem em céus lotados de drones, dizem eles.
Drones nos céus dos EUA
O rápido crescimento do uso de drones tem sido um desafio para os reguladores. Mais de 1 milhão de pessoas e empresas se registraram na FAA como proprietários de drones, e a agência estima que existam 1,3 milhões de dispositivos nos EUA.
Até junho, houve mais de 8.700 relatórios recebidos pela FAA de drones voando em áreas proibidas ou de maneira insegura. Normalmente, existem mais de 200 incidentes desse tipo por mês quando o tempo está mais quente, de acordo com dados da FAA.
Enquanto a maioria dos incidentes é de pouca gravidade, os grandes números indicam que pelo menos alguns usuários de drones estão ignorando as regras. Capturar esses autores se mostrou quase impossível, por isso a ideia da regulamentação surgiu.
Via: Fortune