“‘Se seu celular não é um iPhone, Nexus ou Pixel, ele é inseguro’, diz ativista

Redação29/10/2016 16h14, atualizada em 31/10/2016 11h40

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Nâo faltam exemplos de falhas de segurança em smartphones que possibilitam que os dispositivos sejam controlados por terceiros. Mas de acordo com Chris Soghoian, tecnólogo da União de Liberdades Civis dos Estados Unidos (ACLU na sigla em inglês), esse problema é ainda maior do que nos damos conta.

Segundo Soghoian, os únicos dispositivos realmente seguros no mercado atual são os iPhones, os dispositivos Nexus e o recém-lançado Pixel, do Google. Os iPhones porque incorporam tecnologias confiáveis de criptografia e segurança; os Nexus e o Pixel porque recebem atualizações de segurança constantes do Google. Todos os demais estão suscetíveis a falhas que comprometem todos os dados contidos nos aparelhos.

História de vigilância

A questão da segurança dos smartphones surgiu como parte da fala de Soghoian, durante o Mozfest 2016, sobre a vigilância dos governos sobre os meios de comunicação. Segundo o ativista e tecnólogo, “as empresas de telecomunicação têm um histórico de mais de um século de cooperação com as iniciativas de vigilância dos governos”. Por esse motivo, “nossos sistemas de comunicação foram construídos tendo essa vigilância em mente”, de acordo com ele.

Houve, no entanto, uma mudança positiva nessa situação com as revelações feitas por Edward Snowden sobre o esquema de vigilância em massa do governo dos Estados Unidos. Desde então, o Google passou a usar o protocolo seguro HTTPS por padrão em seu navegador, o que deu início a um processo de fortalecimento da segurança digital.

O Google foi seguido por outras gigantes da tecnologia, como o Facebook e a Apple, em sua iniciativa de fazer do HTTPS o protocolo padrão. Atualmente, segundo Soghoian, graças a essas atitudes, mais de metade do tráfego que circula no navegador Firefox, da Mozilla, usa esse protocolo.

Segurança digital como privilégio

Quando smartphones começaram a se tornar itens comuns de comunicação, no entanto, essa cultura de segurança ainda não era tão forte. Por isso, muitos usuários desses aparelhos acabam tendo uma atitude pouco segura com os dados que compartilham com as empresas de tecnologia.

A Apple é um exemplo positivo, pois passou a incorporar criptografia de disco por padrão em seus iPhones. Além disso, a empresa libera rapidamente atualizações de segurança para seus usuários. Dessa forma, a maioria dos usuários de iPhone têm a versão mais recente – e mais segura – de seu sistema operacional. O Android, por outro lado, “é um show de horrores com relação a segurança”, opinou Soghoian.

Isso, no entanto, criou uma situação em que a segurança digital em smartphones virou uma espécie de privilégio. “Sim, o iPhone é seguro, mas ele custa US$ 600. Isso gera o risco de que a segurança digital seja um luxo, algo acessível apenas a quem pode pagar por ela”, afirmou o ativista. Essa situação, na opinião de Soghoian, ameaça aprofundar desigualdades sociais que já existem no mundo.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital