O Galaxy Note 9 é talvez o grande queridinho da Samsung e um dos aparelhos da marca com maior apelo com os consumidores. Afinal, o dispositivo é capaz de unir um hardware de ponta com funções avançadas e exclusivas da caneta S Pen. No entanto, além de assustar muita gente, o preço – a partir de R$ 5.500 – deixou uma pergunta no ar: será que vale a pena pagar tanto por um telefone?
O Olhar Digital teve acesso ao dispositivo da Samsung e traz um review completo seus prós e contras. Confira a seguir se a exclusividade da caneta S Pen faz jus ao preço, se o hardware e a bateria dão contas do recados e se o Android 8.1 (Oreo) roda tão lisinho quanto o esperado. Veja:
Direto ao ponto
O Galaxy Note 9 é sem dúvida um telefone que faz jus ao seu status de “sonho de consumo” para muitos fãs de tecnologia. O smartphone é bonito e bastante versátil para o dia a dia, não decepcionando quem busca uma bateria para uma jornada de trabalho inteira ou força para rodar games de última geração como Fortnite. A câmera de 12 megapixels também é pau para toda obra e promete não fazer feio nem em momentos mais adversos.
Mas, nem tudo são flores no top de linha da Samsung. Em primeiro lugar, trata-se de um aparelho com poucas mudanças visuais em relação ao seu antecessor, o Galaxy Note 8. Além disso, os recursos Bluetooth da caneta S Pen são excelentes adições, mas o acessório ainda permanece sendo um produto extremamente de nicho. Por fim, o preço de R$ 5.500 espanta até mesmo o mais empolgado dos consumidores.
No geral, o Galaxy Note 9 é um excelente telefone, mas que tende a ser aproveitado plenamente apenas por quem tem certeza de que precisará dos seus recursos exclusivos. Do contrário, um Galaxy S9 entregará igual poder por muito menos e outros tops de linha mais baratos ou intermediários já vão te satisfazer. Leia a versão completa do review a seguir e pondere os prós e contras antes de tomar uma decisão:
Design
O Galaxy Note 9 é um telefone sem surpresa em seu design. Afinal, a Samsung decidiu manter os traços do Note 8, mas com uma bem-vinda diferença: a realocação do leitor de digitais para abaixo da câmera traseira. Trata-se de uma posição mais ergonômica do que à direita da lente, reduzindo ainda o número de toques acidentais na câmera.
Ainda falando de ergonomia, o telefone da Samsung continua gigante: são 6,4 polegadas amenizadas pelas bordas pequenas da tela infinita. Embora não seja difícil segurá-lo, o tamanho avantajado torna bastante difícil sua utilização com apenas uma das mãos. Felizmente, a Samsung até inclui alguns recursos de sistema para facilitar a usabilidade, mas uma versão menor do Note 9 seria muito bem-vinda.
Com um corpo feito inteiramente de metal e vidro, o Galaxy Note 9 chama a atenção pela sua beleza e preocupa pela aparente fragilidade. A Samsung, ciente disso, inclui uma capa gratuita na caixa do telefone para protege-los contra as quedas mais leves do dia a dia. Outra proteção garantida é a IP68, que impede problemas com poeira e permite mergulhos de até 1,5 metro por 30 minutos.
Tela
O Galaxy Note 9 conta com um display Super AMOLED de 6,4 polegadas com resolução QHD (1440p), densidade de 516 pixels por polegada e proporção de 18:9. Um detalhe bastante interessante é que a Samsung permite que o usuário escolha a resolução do telefone para Full HD (1080p) e HD (720p), o que ajuda a economizar bateria, por exemplo. Há ainda a proteção Gorilla Glass 5 contra quedas e arranhões, mas o melhor é sempre não arriscar.
Do ponto de vista de exibição de imagens, não há o que se preocupar: o Galaxy Note 9 oferece uma experiência soberba, que é reforçada pelos altos contrastes do HDR 10. Em algum momentos, o display Super Amoled peca pela saturação exagerada de cores, tirando um pouco da naturalidade da imagem, mas nada impossível de se acostumar ou de se ajustar. Por fim, vale exaltar a ausência do polêmico notch, evitando que parte dos seus vídeos sejam “comidos” por um corte na tela.
Câmera
O Galaxy Note 9 chega equipado com uma câmera traseira dupla de 12 megapixels, sendo que o sensor principal possui uma abertura dinâmica que vai de f/1.5 a f/2.4 para se adaptar melhor a ambientes com pouca luminosidade. Além disso, o telefone da Samsung também pode fazer gravações de vídeos em 4K a 60 quadros por segundo (fps) ou em super câmera lenta em HD (720p) com impressionantes 960 fps. Ou seja, é a promessa de uma experiência top de linha para fotografias.
Na prática, a experiência entregue é exatamente esta: um aparelho preparado para qualquer situação na vida de um usuário regular de smartphone. Testamos o telefone da Samsung em ambientes internos, externos, com luminosidade “complicada” como um show e o aparelho não deixou a desejar em praticamente nada, inclusive na gravação de vídeos. O único ponto que demanda mais cuidado do usuário é o foco, já que a solução automática pode acabar não atendendo suas expectativas de imediato.
Além da qualidade técnica dos sensores do Note 9, há de se destacar o bom trabalho com o aplicativo de fotos da Samsung. O programa é bem intuitivo, funcionando a partir de gestos, e possui todos os recursos necessários ao usuário comum a poucos toques. Há ainda um modo “Pro”, que oferece controles avançados para quem deseja experimentar seus conhecimentos fotográficos mexendo no ISSO, foco, abertura de obturador, balanço de branco, entre outras coisas.
Partindo para os selfies, o telefone possui uma câmera frontal de 8 megapixels com abertura de f/1.7,
o que é bem interessante para ambientes pouco iluminados, e foco automático. O Galaxy Note 9 se sai muito bem em fotos convencionais, seja em ambientes externos ou internos, oferecendo ainda uma função panorâmica para caber todo os seus amigos na imagem. Já o efeito Bokeh, que desfoca o fundo da imagem, deixa a desejar em algumas situação, desfocando partes do seu corpo que não sejam o seu rosto.
Desempenho
Poder não é problema para o Galaxy Note 9: o telefone tem um processador Snapdragon 845 octa-core de 2,8 GHz, 6 ou 8 GB de RAM e 128 ou 512 GB de armazenamento interno. Nós recebemos a versão “mais fraca” do modelo, com os 6 GB de RAM e os 128 GB de armazenamentos. Ainda assim, foi o suficiente para que o telefone alcançasse 280.527 pontos no teste AnTuTu Benchmark, derrotando 91% dos adversários, com destaque para o seu poder gráfico.
No dia a dia, esse excesso de poder se converte em duas características principais: experiência fluida e multitarefa. A primeira diz respeito à agilidade do telefone no carregamento de aplicativos e jogos com rapidez e sem engasgos, exceto quando o programa não está bem otimizado pelo desenvolvedor. Já o segundo permite que o usuário troque de aplicativo e, ao voltar, continue do ponto em que parou porque o smartphone não precisou matar aquela tarefa para liberar memória RAM, por exemplo.
Outro ponto no qual o Galaxy Note 9 se sai bem com maestria é na bateria. Com 4000 mAh de capacidade, o telefone da Samsung consegue durar bem um dia inteiro longe das tomadas, mesmo com o uso de aplicativos “ávidos por energia” como o Pokemon Go. No entanto, um ponto que a Samsung deveria ter investido melhor é o carregamento rápido do telefone, já que o tempo conectado à tomada deixa a desejar se comparado a competidores como o OnePlus 3T.
Por fim, há de se destacar as múltiplas opções de biometria no aparelho. Enquanto a Apple abandonou o leitor de digitais no iPhone X e XS, a Samsung manteve esta opção junto com o leitor de íris e a tecnologia de reconhecimento facial. Isso significa que, quando alguma delas falhar, o usuário poderá sempre usar outra opção antes de ter que voltar às odiáveis senhas numéricas.
Sistema operacional e funcionalidades
O Galaxy Note 9 chega de fábrica com o Android 8.1 (Oreo) rodando a personalização Samsung Experience 9.5. Embora já tenha sido alvo de muitas reclamações por partes dos consumidores, a interface da Samsung avançou bastante e se tornou agradável de usar e, principalmente, muito fluída. Infelizmente, esses avanços ainda não foram vistos no ritmo de atualização, tendo em vista que o telefone até hoje não recebeu o Android 9.0 (Pie).
Tirando a caneta S Pen, a grande função de destaque do Galaxy Note 9 é o Samsung Dex, que transforma o celular em um computador portátil e adapta a interface do sistema operacional. No Note 9, o recurso passou a funcionar apenas com um cabo HDMI convencional, dispensando a compra do acessório específico para isso. Infelizmente, a empresa ainda não fornece um adaptador USB-C para HDMI na caixa do modelo e o usuário que quiser usar o recurso terá que gastar mais alguns reais para ter adaptador e investir também em um mouse e teclado sem fio.
Fora isso, o aparelho tem também os atalhos de atalhos de canto de tela, que aproveitam a borda curva do display. De forma geral, os aplicativos Edge são bastante interessantes para não deseja ter que ficar voltando à tela inicial para abrir um programa favorito. Mas, já há outros programas na Play Store que simulam este recurso com fidelidade e poupam o usuário a gastar milhares de reais no telefone.
Por fim, há de se destacar os recursos de segurança do sistema, como o Knox, que prometem ser indispensáveis para os usuários que lidam com informações confidenciais ou querem mais privacidade. É possível exigir que um código PIN seja digitado para ligar ou desligar o telefone, bem como criar pastas secretas para guardar seus aplicativos e arquivos pessoais com senha.
Canetinha S Pen
Se as telas grandes já não são uma exclusividade da linha Galaxy Note, a caneta S Pen ainda permanece como um grande destaque do telefone. E, como protagonista que é, o acessório recebeu uma grande atenção da Samsung no lançamento de 2018. Além de poder interagir com a tela, agora há conexão Bluetooth para executar comandos à distância, como fotografar à distância, controlar apresentações, pausar e gerenciar a reprodução de mídia, entre outros.
Falando das suas funções tradicionais, o Galaxy Note 9 é sem dúvida o principal modelo para quem precisa de fazer anotações e desenhos virtuais na tela do modelo. A S Pen oferece um nível de precisão bastante avançado, reconhecendo inclusive a pressão colocada sobre o isplay. No entanto, a pergunta inevitável é: você realmente precisa disso? Bem, até mesmo alguém como eu, tido como um usuário avançado para os padrões de mercado, só retirei a S Pen do Note 9 quando lembrava que precisava testá-la para este review.
Já a conexão Bluetooth e os recursos de controle à distância do componente ajudaram a tornar a S Pen um pouco mais atrativa para o consumidor comum. De fato, poder capturar selfies com uma aparência mais natural ou usar o acessório para mudar a música do telefone à distância são função bem legais. No entanto, é possível fazer isso facilmente com um telefone e outro acessório que, juntos, não custam R$ 5.500.
Conclusão
Criar o seu próprio nicho e se consolidar como, basicamente, a única alternativa nele não é para poucos. Nesse sentido, a linha Galaxy Note demonstra o bom trabalho e esforço da Samsung em tornar um hardware potente em algo versátil e inovador. No entanto, chegamos a 2018 e à oitava geração do modelo (não houve um Note 6), e a pergunta que fica é: será que vale mesmo a pena dar os R$ 5.500 pedidos pelo telefone?
Bem, se você pensa única e exclusivamente no quanto estará gastando, a resposta é categórica: Não! De fato, R$ 5.500 é muito para dar em um smartphone, a menos que você precise de algo que somente este modelo tem a oferecer. Neste caso, procure alternativas como o Galaxy S9, se quiser o mesmo nível de potência e experiência sem o “custo S Pen”, ou até mesmo um intermediário da linha
Galaxy A ou da Motorola.
Por outro lado, há de se fazer justiça: o Note 9 está longe de ser o dispositivo com o pior preço do mercado brasileiro, título que é sem dúvida do iPhone X e seus R$ 7 mil. Além disso, o telefone da Samsung tende a ser uma opção indispensável para os nichos que precisam dos seus recursos: artistas ou pessoas que precisam de anotações e desenhos digitais ou usuários que buscam portabilizar a experiência do seu computador com o Dex.
Enfim, respondendo a duas perguntas: O Galaxy Note 9 é um bom telefone? Sim. A Samsung fez um ótimo trabalho em construir um smartphone bonito, poderoso e que consegue se adaptar aos mais diferentes tipos de utilização. Quem compra-lo não tende a se arrepender com a experiência. Agora, o preço compensa? Dificilmente.