Foi só a gente pegar a estrada para começar a se surpreender. Nossa equipe rodou mais de mil quilômetros e encontrou muita tecnologia onde a gente menos esperava: longe dos centros urbanos, nas zonas rurais. A roça está cada vez mais hi-tech! Do plantio à colheita, soluções tecnológicas que vão desde um simples aplicativo a máquinas que valem quase um milhão de reais já fazem a diferença na vida de muitos produtores rurais.
Nossa primeira parada foi na Fazenda Coxinho, em Indaiatuba, interior de São Paulo. Aqui, a responsável por trazer a tecnologia para o campo foi a Janaína. A principal cultura da fazenda é o milho – tratado com todo amor e carinho. Já um dos maiores inimigos é pequeno, mas com alto poder destrutivo: as ervas daninhas.
Quem vê a Janaína assim, debaixo de um sol de quase 40 graus, fotografando mato, pode achar a paixão dela pelo milho é meio exagerada. Na verdade, ela usa muito um aplicativo bem interessante de reconhecimento de plantas daninhas. Com acesso à internet, cada vez que ela fotografa uma erva daninha, o app envia a imagem para a nuvem e a compara com um banco de dados de mais de 13 mil plantas malignas cadastradas. Se o 3G colaborar, tudo acontece na hora, ali mesmo, no meio do milharal.
De Indaitauba, partimos para São Carlos. Por aqui, pesquisadores da Embrapa desenvolveram – ainda apenas em escala laboratorial – um fertilizante de liberação controlada à base de nanotecnologia. Falando, parece complexo. Na prática, o fertilizante do tamanho de um grão de arroz é uma promessa de solução para um dos maiores problemas da aplicação de nutrientes na lavoura, aperda por evaporação ou a dispersão pela água das chuvas.
No meio do caminho para nossa próxima parada, encontramos essas simpáticas vaquinhas. E, quer saber? Descobrimos que um aplicativo para dispositivos móveis está revolucionando a produção de leite. Com o smartphone nas mãos, o produtor coleta e armazena todas as informações da ordenha. Com esses dados em nuvem, a ferramenta ajuda a monitorar melhor o rebanho com notificações e alertas automáticos. Mais do que isso, essas informações também colaboram com o trabalho do veterinário; o profissional é capaz de identificar melhor a situação do animal ao checar os registros feitospelos técnicos,evitando possíveis doenças e diagnósticos errados em todo o rebanho.
Prestes a completar nossos mil quilômetros rodados, a nova parada foi na Fazenda Nova Esperança, em Cesário Lange.
São mais de 800 hectares de plantações de soja e milho e um visual de tirar o fôlego. Mas o que faz diferença por aqui não é só a estrutura e o tamanho da fazenda – é o fato de o Sérgio ser um fazendeiro aficcionado por tecnologia. Ele investiu em máquinas de última geração para, claro, aumentar sua produtividade e ter um controle muito maior do seu plantio. São equipamentos com tecnologia de ponta para garantir o máximo de produtividade.
Essas três máquinas estão entre o que existe de mais hi-tech no campo. Desenvolvidas para a agricultura de precisão, as plantadeiras, pulverizadores e colheitadeiras dão um show. Antes de a gente explicar a tecnologia embarcada nelas, dá só uma olhada na eficiência de trabalho das três…
Controladas milimetricamente por satélite, as máquinas têm um piloto automático capaz de reproduzir movimentos com margem de erro de apenas dois centímetros e meio. Ou seja, se o plantio for feito aqui este ano, no próximo é possível repetir a colocação das sementes exatamente no mesmo lugar.
No cockpit das máquinas, o condutor controla e acompanha toda a atividade em tempo real na tela touch screen; é possível inclusive calcular o que está sendo, por exemplo, colhido naquela área naquele exato momento.
Num futuro mais próximo do que você imagina, esses equipamentos estarão todos conectados, trazendo a Internet das Coisas também para a roça.
É só dar uma espiada no smartphone do Sérgio e do Felipe, filho dele, que a gente vê quanto aplicativo contribui para o dia a dia da fazenda. Este, por exemplo, através de conexão celular, controla três pontos de irrigação. É possível ligar, desligar, controlar o fluxo, ângulo e tudo mais através do celular.
Por falar em água, olha ela lá. O controle do clima é uma ferramenta indispensável para o produtor rural. Vai chover? Não vai chover? Eles usam alguns aplicativos para monitorar a meteorologia. Este, por exemplo, mostra em tempo real o deslocamento das chuvas na região. E o Sérgio usa tanto para saber se é hora de pular na piscina ou se é hora de colocar o pessoal para trabalhar um pouquinho mais rápido.
Já de volta a São Paulo, antes de o sol de pôr, visitamos esta central de alerta de informações climáticas e risco de incidência de pragas e doenças na lavoura. Algoritmos avançados combinam as condições do clima com essas doenças para alertar os produtores da região onde determinada praga esteja prestes a atacar. Informação que vale ouro; ou melhor, vale o milho…a soja…o trigo…o feijão.
A combinação entre essas diferentes tecnologias está aumentando a produtividade brasileira e mundial. A safra de 2017 promete ser recorde no país e pode ajudar a economia a dar um passinho na direção da recuperação. Esse encontro entre bits e bytes, sementes e aplicativos, satélites e solos férteis, é uma das fronteiras mais interessantes da tecnologia digital. E muita coisa ainda está por vir no segmento. E, como sempre, você confere tudo aqui, no Olhar Digital.