Primeiro foram as bikes. Em diversas cidades, o pessoal já se acostumou a usar um aplicativo no smartphone para compartilhar as magrelas. Agora, em busca de metrópoles mais sustentáveis, começam a surgir novos (e interessantes) serviços de carros compartilhados. Esta semana, a gente experimentou dois apps de compartilhamento de carros disponíveis em São Paulo.

A praticidade em ambos os casos é grande. E você não precisa fazer muita coisa. Antes de usar os serviços, é só fazer um cadastro direto no aplicativo de cada um. Tudo o que você vai precisar, claro, depois de baixar o app, é de uma carteira de habilitação válida e um cartão de crédito em seu nome; pronto, a aprovação não leva mais do que 24 horas. As ferramentas são bastante parecidas. Um mapa mostra a localização dos veículos disponíveis naquele momento. Ao escolher o mais próximo, basta reservar o carro. Você tem 15 minutos para chegar até lá…

Um clique no app e as portas estão destravadas. A simplicidade chega a surpreender quem nunca experimentou o modelo. As chaves ficam no porta luvas – onde fica também um cartão e uma caixinha responsável por conectar o carro via rede móvel. Esta “caixa-preta” é a responsável por todas as informações de telemetria do veículo. Além da localização, quantos quilômetros percorreu, se tem combustível, etc.

O primeiro serviço que a gente testou, o Urbano LDS Sharing, tem 60 carros espalhados em algumas áreas específicas da cidade; as chamadas “home zones”. Por enquanto são 15 zonas disponíveis na capital paulista. O sistema “free floating” permite que você pegue o carro em qualquer uma dessas regiões e o devolva, de forma espontânea, em alguma outra que estiver mais próxima do seu destino. Ou seja, não há pontos determinados de estacionamento, apenas áreas. Recém-lançado, o serviço apresentou pequenas instabilidades, mas não comprometeu nossa viagem. O mesmo aplicativo tranca o carro que fica disponível imediatamente para o próximo usuário. A única coisa que ficou faltando foi o extrato de quanto gastamos no final da viagem. A gente só recebeu a cobrança no dia seguinte. De qualquer forma, o serviço cobre um real e vinte centavos por minuto. Meia hora sai, por exemplo, 36 reais…

Depois da dar uma volta no pequeno Smart, experimentamos um serviço que já opera em São Paulo desde 2010: o Zazcar. Tudo também funciona a partir do aplicativo, desde a reserva do carro até a abertura das portas. São diversas unidades espalhados por toda a cidade. A diferença é que neste sistema é preciso devolver o carro no mesmo lugar onde você pegou – modelo “round trip”. Não é muito interessante para quem quer ir ao trabalho ou vai ficar com o carro parado por muito tempo até retornar ao ponto de partida. Mas pode funcionar super bem dependendo da situação. Seguro e combustível estão inclusos no valor do aluguel. Com cobrança mínima de 20 reais, os preços começam em 10 reais por hora mais 60 centavos por quilômetro rodado. Cada usuário tem um crédito de 20 reais para a primeira experiência. Assim, nosso teste sai de graça. Interessante é observar que gastamos um valor próximos aos de serviços como Uber e 99, por exemplo – o que mostra que o modelo pode ser um novo concorrente dos “motoristas de aluguel”.

O compartilhamento de veículos é tendência mundial. Engatou a primeira no Brasil, mas ainda está longe da realidade de alguns países mais desenvolvidos e até mais preocupados com a mobilidade e sustentabilidade das grandes cidades. Em todo o mundo, segundo dados da consultoria Frost & Sullivan, mais de 7 milhões de pessoas usam algum tipo de compartilhamento. Por aqui, o número de usuários mais que dobrou desde o ano passado, mas ainda não chega a 100 mil, somando todas as plataformas. De qualquer forma, um estudo realizado em cinco cidades dos Estados Unidos mostrou que, para cada carro compartilhado, entre sete e 11 veículos deixaram de circular nas ruas. Resultado: menos trânsito e poluição combinados com mais economia. Tomara que a moda pegue…