Embora pareça, isso não é um programa de rádio. O conceito é simples e muito semelhante, mas esse é um podcast. E uma das principais diferenças entre ele e um programa de rádio comum é o fato de que o podcast não tem hora certa para ir ao ar e pode ser ouvido sob demanda: no trânsito, na academia, na piscina ou em qualquer outro lugar.

Ah, e os podcasts não ficam em uma estação de rádio fixa: eles podem ser encontrados online e em plataformas de streaming de áudio. Os temas abordados nos podcasts são os mais variados: de cinema a esportes, passando por literatura, negócios, humor e o que mais se imaginar.

A palavra podcast existe desde 2004 – é uma mistura da iPod, o tocador de música da Apple, e broadcast, que significa radiodifusão. O primeiro conteúdo nacional a usar o conceito foi criado naquele mesmo ano: era o “Digital Minds”, que falava sobre tecnologia em geral.

A popularização do conceito aqui no Brasil ainda é bastante recente. Um levantamento do Ibope mostra que, dos 120 milhões de internautas brasileiros, aproximadamente 39 milhões não sabem o que é um podcast. Por outro lado, 50 milhões já ouviram esses programas de áudio e, desses, 16 milhões são fiéis e acompanham diariamente.

Os podcasts estão em franco crescimento. Números do Spotify apontam que, de abril de 2017 a abril de 2018, o aumento no número médio de ouvintes diários de podcasts na plataforma em todo o mundo foi de 330%. Já na Deezer, o consumo de podcasts subiu 177% nos últimos 12 meses somente no brasil e o tempo de escuta cresceu 130% em 2018 e mais 40% de janeiro a setembro de 2019.

O estágio atual do desenvolvimento tecnológico permite que qualquer um hoje tenha um podcast independente: é só escolher um ambiente silencioso, gravar no celular mesmo e colocar no ar. Paralelamente, algumas produtoras têm se especializado na criação desse tipo de conteúdo.

A Half Deaf tem apenas dois anos de existência e, nos últimos nove meses, produziu mais de 23 programas de podcasts. Esse conteúdo já foi ouvido mais de 20 milhões de vezes – 10 milhões delas pelo Spotify. Assim, passou de 124 mil para 286 mil ouvintes no período.

Com o crescimento significativo, os criadores – como são chamados os podcasters – estão cada vez mais animados com as possibilidades. Alguns já pensam até em viver de criar conteúdo para esses programas – e há quem acredite que isso será possível em breve.

Um dos temas mais recorrentes é como os millenials estão se virando no mundo adulto. Miguel Horta e Pedro Luppi, por exemplo, apresentam o podcast “Libertinagem”: o programa aborda o tema sexo em uma grande sessão de terapia em grupo, como eles mesmos descrevem.

A dupla conta que sonha em fazer dessa atividade sua ocupação principal. Enquanto isso não acontece, eles se divertem com o “Libertinagem”: já levaram até as próprias mães para participar como convidadas.

Parece que a era do podcast veio mesmo para ficar!