Ao configurar uma rede, você já deve ter parado para pensar por que algumas atividades funcionam tão bem no Wi-Fi, e outras não. Esse assunto acaba se estendendo até por qual tecnologia devemos optar para o nosso cotidiano.
O Olhar Digital traz aqui um comparativo entre as duas formas de conexão, mostrando quais são os principais pontos fortes e fracos para cada uma delas, tal como exemplos de onde usá-las. Assim, você conseguirá decidir qual é a melhor opção para a sua necessidade.
Velocidade
O Wi-Fi teve um começo com conexões bem lentas, já que o padrão adotado na época não era tão robusto quanto o que temos hoje. Na época, os primeiros modelos de roteadores trabalhavam, em sua maioria, com a velocidade máxima de 54 Mbps.
Nos últimos anos, graças a evolução da tecnologia e os novos padrões que surgiram em 2009, tornou-se possível obter velocidades melhores para conexões Wi-Fi. Veja abaixo a diferença entre os principais protocolos usados hoje:
- 802.11a: Funciona na frequência 5Ghz e alcança até 54Mbps de velocidade, mas tem dificuldade para propagar o sinal em ambientes com obstáculos;
- 802.11b: Trouxe uma conexão mais estável ao usar a frequência 2.4Ghz, mas alcança no máximo 11Mbps de velocidade;
- 802.11g: Alcança até 54Mbps de velocidade na frequência 2.4Ghz, e é muito utilizado devido ao seu baixo custo para ser implementado;
- 802.11n: Mudou algumas técnicas e mecanismos de transmissão que permitiram alcançar 600Mbps de velocidade;
- 802.11ac: Uma melhoria dos protocolos anteriores que ao fazer uso da frequência de 5Ghz, consegue fornecer velocidades até 866.7Mbps.
Embora o Wi-Fi tenha evoluído bastante, este tipo de conexão ainda apresenta velocidades inferiores às entregues via cabo. Nesse tipo de rede, é possível obter velocidade de até 10Gb/s ao utilizar um cabo Cat6 mais avançado. Entretanto, o equipamento mais comum é o Cat5e, que consegue entregar até 1Gb/s de velocidade, um pouco mais que as conexões sem fio.
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Diferente do Wi-Fi, as redes cabeadas sofrem menos com instabilidades causadas por fatores externos, conforme explicaremos a seguir. Entretanto, há interferências por outros fatores, como o comprimento do fio. Por exemplo, o cabo Cat6 só consegue entregar a sua velocidade máxima se tiver menos de 55 metros. De qualquer forma, as redes cabeadas acabam sendo uma melhor opção para quem procura velocidade.
Latência e estabilidade
Ao fazer um download via Wi-Fi, você já deve ter notado que a velocidade nem sempre é a mesma das que são feitas pelo cabo. Esta inconsistência se deve a fatores externos que prejudicam o Wi-Fi, como interferências na frequência na qual o roteador trabalha. Esse problema pode ser causado por diversos aparelhos domésticos que, mesmo não criando rede, podem interferir diretamente na qualidade do sinal.
A maioria dos roteadores, antigamente, traziam apenas a frequência 2,4 GHz, popular em aparelhos Bluetooth e telefones sem fio. Embora este ainda seja o padrão mais utilizado, equipamentos com frequência de 5 GHz tem se popularizado nos últimos anos. Por não ser utilizadas por outros aparelhos, essas redes acabam tendo uma estabilidade maior e sofrem menos interferência.
Não bastasse a interferência das frequências, o Wi-Fi também trabalha por canais. Quando o seu modem está em um lugar com muitas outras redes, por exemplo, não é incomum que os canais mais populares acabem congestionados. Veja a imagem abaixo.
Através do gráfico, é possível ver que existem muitas redes trabalhando em um mesmo canal. Isto acontece devido a maioria das fabricantes já deixarem os seus roteadores pré-definidos para trabalhar nos canais 1, 6 e 11. Note que os canais 2, 3 e 4 têm poucas redes ativas, e assim seriam opções mais indicadas por terem menos interferência.
Outro fator que interfere muito na qualidade de uma conexão Wi-Fi é o lugar onde está posicionado o roteador, as paredes ao seu redor e até o tipo de antena utilizada. Neste aspecto, é importante estar atento ao dBi da peça de transmissão. Uma antena de 12 dBi, por exemplo, pode se sair bem ambientes grandes e abertos, mas não teria a mesma eficiência que uma antena de 7 dBi em um local com mais de um andar.
Na parte de redes via cabo, todos esses fatores externos não importam tanto, uma vez que você consegue cabear o seu ambiente, e passa por obstáculos sem tanta interferência. Isso lhe garante uma maior estabilidade que deixará a sua conexão melhor, consequentemente tendo uma velocidade maior e mais estável.
Segurança
Quando estamos em uma rede Wi-Fi, nós infelizmente não podemos ter tanto controle quanto em uma rede cabeada. Ao implementá-la, tal como em qualquer rede, você ainda define qual o protocolo a ser utilizado, como o WPA ou o WPA2. O WPA3 que trará mais segurança ainda não foi implementado, e está sob desenvolvimento.
Diferente da rede cabeada, que exige a presença física para o acesso e a conexão com o fio, o Wi-Fi confia apenas na senha para a proteção. Além disso, uma vez que alguém obtém acesso à sua rede, a pessoa conseguirá conectar novamente a ela quando estiver próximo até que você tenha mude sua palavra-passe ou bloqueio o equipamento da pessoa no roteador.
Além do cenário acima, há diversos tipos de ataque que podem ser executados remotamente para tentar quebrar uma chave de criptografia no Wi-Fi. Ainda no ano passado, explicamos como funciona a vulnerabilidade do Krack, que está presente no protocolo mais utilizado hoje, o WPA2.
Aqui, mais uma vez, a rede cabeada acaba se sobressaindo em relação a Wi-Fi. Para alguém tentar fazer o ataque na sua rede cabeada, a pessoa precisaria ter acesso em algum ponto físico a ela. Ainda assim, é possível criar etapas adicionais de segurança nesses casos, como a restrição de endereços MAC desconhecidos e a exigência de login.
Uso no dia-a-dia: Wi-Fi ou cabo?
Apesar de todos os pontos fortes e fracos citados de cada tipo de conexão, é bastante importante que o indivíduo reflita sobre os seus objetivos ao montar uma rede de Internet. Afinal, há casos em que, mesmo com vulnerabilidade e compromissos à velocidade, o Wi-Fi pode ser uma opção vantajosa em relação ao cabo.
Se você utiliza a internet para atividades de lazer, como o streaming de vídeos, músicas e navegação em sites, por exemplo, o Wi-Fi conseguirá atender a sua necessidade sem grandes problemas. Mas se você precisa de mais estabilidade para jogar online, fazer grandes transferências de arquivos ou até mesmo streaming de vídeos em resoluções muito altas, a opção cabeada tende a ser a melhor por conta de sua estabilidade e perda de pacotes menor.
Enfim, ambos os tipos de rede conseguem entregar boas velocidades e com segurança. A escolha deve estar baseada na atividade você realizará. Na dúvida, é possível montar uma rede mista com conexão cabeada para equipamentos com maior demanda e rede Wi-Fi para dispositivos menos exigentes, como telefones e notebooks.