Benjamin Neuman, virologista e professor de Biologia na Universidade A&M do Texas, publicou um estudo para explicar o que o novo coronavírus faz ao corpo de uma pessoa para se tornar tão mortal.
O cientista começa enfatizando que o SARS-CoV-2, causador da Covid-19, é um coronavírus, vírus de um grupo viral que infecta todos os tipos de animais. “De pavões a baleias”, afirmou, incluindo os seres humanos.
No caso do novo coronavírus pandêmico que afeta o mundo desde janeiro, os sintomas iniciais são comuns aos resfriados causados por outros coronavírus. Contudo, pequenas diferenças genéticas o tornam muito mais prejudicial à saúde.
“O SARS-CoV-2 é geneticamente muito semelhante a outros coronavírus respiratórios humanos, incluindo SARS-CoV e MERS-CoV. No entanto, as diferenças genéticas sutis se traduzem em diferenças significativas na rapidez com que um coronavírus infecta as pessoas e como as deixa doentes”, explicou o virologista.
Semelhante ao novo coronavírus, o SARS-CoV causou uma epidemia global em 2003. Ainda assim, Neuman compara o SARS-CoV e o SARS-CoV-2 como se fossem leite integral e leite desnatado, respectivamente.
Como ocorre a infecção dentro do corpo
“Toda infecção por coronavírus começa com uma partícula viral, uma concha esférica que protege uma única cadeia longa de material genético e a insere em uma célula humana. O material genético instrui a célula a produzir cerca de 30 partes diferentes do vírus, permitindo que o vírus se reproduza”, disse o virologista.
Ainda de acordo com Neuman, o SARS-CoV-2 gosta de se ligar a uma proteína da célula chamada ACE2, que faz parte da membrana celular e atua na regulação da pressão sanguínea dos animais. “Essa é uma das razões pelas quais a Covid-19 é mais grave em pessoas com pressão alta”, informou.
Depois de feito o trabalho inicial, o novo coronavírus é capaz de reconfigurar a célula, que se reproduz já com um canal aberto para que o SARS-CoV-2 não encontre resistência para se instalar.
Como o novo coronavírus deixa as pessoas doentes
O SARS-CoV-2 cresce nas células pulmonares tipo II que, normalmente, secretam uma substância semelhante ao sabão para ajudar o ar a penetrar profundamente nos pulmões e nas células que revestem a garganta.
Quando as células pulmonares estão acometidas, o sistema imunológico envia células de defesa, as quais invadem o tecido pulmonar, causando grandes danos no processo de limpeza daquele órgão – daí a parada respiratória que pode levar à morte. “O desafio para os profissionais de saúde que tratam os pacientes é apoiar o corpo e manter o sangue oxigenado enquanto o pulmão está se recuperando”, contou Neuman.
Há também os casos em que o vírus se camufla ao desligar os sinalizadores de perigo das células para que o sistema imunológico não consiga pedir ajuda. “Como resultado, o Covid-19 pode apodrecer por um mês, causando um pequeno dano a cada dia, enquanto a maioria das pessoas supera um caso de gripe em menos de uma semana”, explicou o virologista.
O que ainda não se sabe sobre o SARS-CoV-2
Segundo Neuman, a forma como os coronavírus em geral agem segue sendo um mistério. “A maneira como interagem com as proteínas dentro da célula, a estrutura das proteínas que formam novos vírus e como algumas das máquinas básicas de cópia de vírus trabalham” estão entre as incógnitas que cercam esse grupo de vírus.
Outra dúvida é quanto ao comportamento do novo coronavírus nas diferentes estações do ano. Sabe-se que, como qualquer vírus da gripe, o SARS-CoV-2 tende a seguir o frio. Entretanto, já é primavera no Hemisfério Norte e o epicentro da Covid-19 continua sendo lá.
Via: ScienceAlert