Todos os dias, há novas descobertas sobre a ação do coronavírus no corpo humano. Foi assim que Elnara Negri, pneumologista do Hospital Sírio-Libanês, observou que a covid-19 estava causando coágulos nos pulmões de alguns pacientes.

A primeira doente que demonstrou essa condição tinha as pontas dos dedos roxas e os níveis de oxigênio no sangue muito baixos. Como seus pulmões se enchiam de ar com facilidade, mas não faziam as trocas de oxigênio necessárias, Elnara e seus colegas concluíram que havia coágulos impedindo a irrigação sanguínea. E isso se confirmava pelas pontas dos dedos roxas da paciente.

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Para tratar esses coágulos, a equipe decidiu usar um anticoagulante natural bastante conhecido em todo o mundo: a heparina. A ideia era que, com ela, o fluxo sanguíneo seguisse normalmente. Segundo Elnara, com o uso do medicamento, a melhora pulmonar da doente foi rápida.

No Hospital Sírio-Libanês, já foram tratados 50 pacientes com esse protocolo. Entre eles, apenas uma não pôde receber o anticoagulante, porque o medicamento causou hemorragia. Vale lembrar, então, que esse não é um tratamento para ser feito em casa. Todo o processo deve ser acompanhado por uma equipe de médicos em uma unidade de saúde.

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Referência mundial no estudo da heparina, a biomédica Helena Nader acompanha com entusiasmo o trabalho feito por Elnara. E ela conta que já está em avaliação pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, a Conep, um protocolo que vai usar a heparina como profilaxia. A ideia é que os pacientes recebam o anticoagulante em estágios iniciais da doença, antes que ela se agrave.

Assim como o uso de oxímetros para observar os níveis de oxigenação no sangue, apresentado ontem aqui no Olhar Digital News, o estudo com a heparina feito por Elnara é pioneiro no mundo. Agora, profissionais em outros países já adotam a ideia.