Universidade dos EUA estima 125 mil mortes por Covid-19 no Brasil até agosto

Modelo matemático foi atualizado com dados de mais estados, e previsões precisaram ser revisadas para cima; pico só deve acontecer em julho
Renato Santino26/05/2020 22h41, atualizada em 26/05/2020 23h20

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O número de mortes por Covid-19 deve superar o que era inicialmente projetado, segundo estimativa do Instituto de Métricas de Saúde e Avaliação (IHME), dos Estados Unidos, cujos estudos servem de referência para a Casa Branca. Ligado à Universidade de Washington, o grupo estimava 88 mil mortes em análise publicada em 12 de maio, mas com mais acesso a dados, reviu para cima suas previsões, que chegam agora a 125 mil óbitos até agosto.

A revisão tão brusca tem a ver com a obtenção de dados mais aprofundados de estados que ainda não estavam incluídos na previsão de 12 de maio. Agora, os pesquisadores trabalham com dados de 19 estados após a inclusão de Acre, Alagoas, Amapá, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, e Santa Catarina. Além dos novos estados, o IHME já levava em conta Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, e São Paulo.

Os pesquisadores também reforçam que as estimativas também são um somatório das previsões para cada estado, e não uma projeção de escala nacional. Isso significa que se dados dos estados restantes passarem a ser levados em conta, as previsões podem se alterar novamente.

Pelo modelo matemático do IHME, o país ainda tem alguns dias de crescimento no número de óbitos pela frente, seguido de um platô. Esse período deve se estender até a metade de julho, quando finalmente as mortes diárias devem começar a cair. Durante o pico, o país deve se manter em cerca de 1.500 casos letais por dia. Até agosto, o país deve chegar à marca de 63,85 mortes para cada 100 mil habitantes.

Reprodução

A estimativa, no entanto, conta com um intervalo de incerteza bastante amplo, representado no gráfico acima pela mancha rosada que cerca a linha pontilhada vermelha. De acordo com os pesquisadores, essa discrepância é resultado de fatores como “disponibilidade limitada de dados, estudos pequenos e dados conflitantes”. Com mais dados e estudos maiores, a incerteza seria menor.

Diante dessa incerteza, o melhor cenário possível, segundo o estudo, seriam 68 mil mortes, enquanto no pior caso, esse número pode chegar a 221 mil, com o número de óbitos em alguns dias potencialmente superando os 3.000.

Confira na tabela as estimativas para cada estado:

Localidade

Previsão

Intervalo de incerteza

Agregado dos estados

125.833

Entre 68.311 e 221.078

Acre

422

Entre 188 e 917

Alagoas

1.788

Entre 937 e 3.759

Amapá

529

Entre 314 e 958

Amazonas

3.194

Entre 2.508 e 4.781

Bahia

5.848

Entre 1.853 e 15.940

Ceará

15.154

Entre 8.287 e 22.183

Espírito Santo

2.853

Entre 1.194 e 6.418

Goiás

893

Entre 31 e 2.565

Maranhão

3.625

Entre 2.199 e 6.912

Minas Gerais

2.371

Entre 1.007 e 6.252

Pará

13.524

Entre 7.704 e 19.827

Paraíba

1.142

Entre 564 e 2.739

Paraná

626

Entre 350 e 1.382

Pernambuco

13.946

Entre 7.700 e 22.042

Rio de Janeiro

25.755

Entre 11.711 e 46.520

Rio Grande do Norte

492

Entre 270 e 1.136

Rio Grande do Sul

1.165

Entre 417 e 3.453

Santa Catarina

464

Entre 284 e 873

São Paulo

32.043

Entre 19.391 e 56.138

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital