Twitter e Facebook punem publicação de Trump com informação incorreta sobre Covid

Posts comparavam letalidade da gripe com a da Covid-19, mas números do coronavírus já são muito piores do que os da influenza
Equipe de Criação Olhar Digital06/10/2020 20h35

20200505103012
Publieditorial

Donald Trump teve problemas novamente após publicar informações incorretas em suas páginas em redes sociais relacionadas à Covid-19. Tanto o Twitter quanto o Facebook decidiram remover ou limitar o alcance da publicação do presidente dos Estados Unidos, que comparava a doença com a gripe comum.

O Facebook confirmou que decidiu tirar totalmente do ar a publicação de Trump. Em comunicado à CNN, a empresa diz que a decisão foi tomada porque o post fere as políticas da empresa sobre desinformação relacionada à Covid-19.

O Twitter, por sua vez, tem uma abordagem diferente. A empresa tem a política de nunca excluir posts de figuras de interesse público, mesmo se as publicações ferirem seus termos de conduta. O que a empresa faz é colocar a publicação por trás de um alerta de que o conteúdo é desinformativo, mas é perfeitamente possível visualizá-la apenas clicando em “Ver”. “Este tuíte violou as regras do Twitter sobre a difusão de informação enganosa e potencialmente perigosa relacionada à Covid-19. No entanto, o Twitter determinou que pode ser do interesse público que o tuíte continue acessível”, diz a mensagem.

Mas o que diz a mensagem, no entanto? “A temporada da gripe está chegando! Muitas pessoas todo ano, às vezes mais de 100 mil, mesmo com a vacina, morrem de gripe. Vamos fechar nosso país? Não, nós aprendemos a viver com ela, assim como estamos aprendendo a viver com a Covid, que em muitas populações é muito menos letal”.

A evidência científica, no entanto, deixa claro que a Covid-19 é muito mais letal e contagiosa do que a gripe comum, causada pelo vírus influenza. O Ministério da Saúde informou em boletim epidemiológico do fim de 2019 que, durante aquele ano, foram registradas 1.109 mortes por gripe, sendo o H1N1 o principal causador de óbitos. Em sete meses, a Covid-19 já se aproxima das 150 mil mortes no país.

No caso dos Estados Unidos, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) do país, diz que na última temporada de gripe, registrada entre outubro de 2019 e abril de 2020, morreram entre 24 mil e 62 mil pessoas. O CDC estima que, na média, um ano tem 34 mil e 43 mil mortes por gripe, com um pico de 61 mil na temporada 2017-2018. Enquanto isso, a Covid-19 já vitimou mais de 200 mil americanos em menos de um ano.

Globalmente, a OMS coloca as mortes pela gripe entre 290 mil e 650 mil por ano, enquanto a Covid-19 já matou mais de 1 milhão de pessoas pelo planeta.

A letalidade da Covid-19 também é muito maior do que a da gripe comum. A ciência ainda discute a qual é o percentual de casos que resultam em óbitos, porque há muitas infecções perdidas por falta de testes em casos leves e assintomáticos. Em populações fechadas onde foi possível ter amplo monitoramento, como em navios de cruzeiro, ou em países que conseguiram testar muitas pessoas ao ponto de detectar casos menos problemáticos, as estimativas ficam entre 0,5% e 1,2%. Durante a pandemia de H1N1, por exemplo, a mortalidade do vírus foi estimada em menos de 0,05%.