O prefeito da cidade de Itajaí (SC), Volnei Morastoni, gerou polêmica nos últimos dias ao sugerir a ozonoterapia via aplicação retal como tratamento alternativo para pacientes com Covid-19. A internet reagiu ao vídeo do parlamentar com memes.
Entretanto, o que foi visto como uma brincadeira por parte da população está prestes a passar por um teste experimental – mesmo sem a recomendação do Conselho Federal de Medicina. O Instituto Alpha pretende obter recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para iniciar a pesquisa com a ozonoterapia via aplicação retal em 150 voluntários.
Não faz milagres
O estudo experimental vai ser conduzido pela médica Maria Emília Gadelha Serra, líder do Instituto Alpha e presidente da Sociedade Brasileira de Ozonoterapia Médica (Sobom). Os voluntários vão continuar a receber o tratamento de Covid-19 de forma convencional, uma vez que a ozonoterapia é considerado um complemento clínico ao tratamento. Segundo a médica, “é um uso complementar, não é salvador da pátria”.
Para quem contraiu o Covid-19 e apresentou sintomas mais graves, o tratamento convencional adotado pela comunidade médica envolve o uso de corticoides, antibióticos para controle de infecções secundárias e heparina para evitar coagulação.
Estudo sobre tratamento para Covid-19 por ozonoterapia vai começar no Brasil. Foto: NIAID
O tratamento convencional pode incluir eventualmente a cloroquina ou ivermectina, mas a recomendação dependerá do entendimento de cada médico e do quadro de cada paciente. As duas drogas não entregam os mesmos resultados para todos os pacientes; vários estudos afirmam que ambos não são eficazes para casos gerais de Covid-19.
Além disso, o Conselho Federal de Medicina proíbe tratamentos com ozonoterapia no Brasil, que é utilizado para desinfecção de equipamentos hospitalares. Neste momento, o uso só é permitido para pesquisas clínicas, como a que está prestes a ser iniciada.
Evidências de sucesso na medicina
A defesa do uso do ozônio no tratamento de Covid-19 se dá pelo fato de já ser utilizado para cicatrização de feridas e dores crônicas, além de também ter sido utilizado como bactericida antes do surgimento do antibiótico.
Acredita-se que o componente pode aumentar a liberação do oxigênio nos tecidos, elevar a fluidez do sangue e estimular a produção de interferons pelo sistema imunológico. Com isso, o organismo estaria mais apto a combater a proliferação da Covid-19, o que, em teoria, poderia resultar em uma recuperação mais rápida do paciente.
Os voluntários da pesquisa vão passar por dois tipos de tratamento. A primeira alternativa envolve a retirada do sangue, que é combinado com oxigênio e ozônio, para depois ser reposto no organismo do paciente. A segunda alternativa é aquela recomendada pelo prefeito de Itajaí, com uma aplicação retal combinada com hemoterapia, em que uma pequena quantidade de sangue é retirada, passa pelo ozônio e é reaplicada no músculo.
Por fim, Maria Emília achou “absurda” a reação nas redes sociais diante da possibilidade de tratamento da ozonoterapia via aplicação retal proposta por Volnei Morastoni, que também é médico.
Via: O Globo