São Paulo será o primeiro estado brasileiro a experimentar a vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac contra a Covid-19. Com a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a fase 3 de testes em humanos da CoronaVac será iniciada no próximo dia 20.
“A partir da próxima segunda-feira (13), os voluntários já poderão se inscrever. A inscrição será obrigatoriamente para profissionais da saúde”, afirmou o governador de São Paulo, João Doria. Poderão se inscrever profissionais de saúde, da rede pública ou privada, com mais de 18 anos, que não tenham tido a Covid-19 e que não estejam em teste para outras vacinas.
Segundo o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, os voluntários não poderão ter doenças instáveis (que afetem a resposta imune), distúrbios de coagulação e, no caso das mulheres, não poderão estar grávidas. “São esses profissionais que estão mais expostos e que vão permitir o desenvolvimento muito rápido do estudo clínico”, disse Dimas Covas.
A inscrição se dará por meio de um aplicativo do Instituto Butantan, que deverá ser lançado na próxima segunda-feira (13). Além de São Paulo, os testes com a CoronaVac serão realizados em Brasília, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná. Ao todo, nove mil voluntários passarão pela pesquisa clínica, que será coordenada pelo Instituto Butantan e foi financiada em R$ 85 milhões.
A CoronaVac já passou por duas etapas de teste antes de sua chegada ao Brasil, que permitiram aferir sua segurança em grupos menores de pacientes. Segundo a empresa, os dados mostraram que 90% dos voluntários desenvolveram os anticorpos desejados após duas semanas da aplicação da segunda dose do composto, o que é positivo, mas ainda não se sabe o quão eficaz será a fórmula para efetivamente prevenir o contágio. É o que será medido no Brasil.
Em caso de sucesso, a parceria com o governo de SP permitirá a transferência de tecnologia da Sinovac para o Instituto Butantan, e a vacina poderá ser produzida nacionalmente e distribuída para o país inteiro pelo SUS. Segundo o diretor, a capacidade de produção é de 100 milhões de unidades da vacina, mas serão necessárias adaptações que podem levar até dez meses.
Esta é a segunda vacina que está sendo testada no Brasil. A primeira é a que está sendo produzida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, e iniciou sua pesquisa clínica no País no fim de junho. A solução, denominada ChAdOx1 nCoV-19, é uma das 141 candidatas cadastradas na Organização Mundial de Saúde (OMS) e está entre as 13 que já estão em fase clínica de testes em humanos no mundo.
Os testes da vacina em São Paulo estão sendo coordenados pelo Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) da Unifesp. Segundo informações da Universidade de Oxford, pelo menos 5 mil profissionais da saúde participarão das testagens no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Via: Agência Brasil