A taxa de contágio do novo coronavírus no Brasil apresentou declínio pela terceira semana consecutiva, apontam cálculos do Imperial College London, um dos centros de pesquisa de epidemias mais prestigiados do mundo. A disseminação do vírus, entretanto, ainda é ascendente no país e indicadores variam entre os diferentes estados e municípios brasileiros.

Como informa a Folha de São Paulo, apesar do declínio da taxa de contágio geral no Brasil, o índice ainda é superior a 1. Esse número, também conhecido como Rt, indica a proporção de pessoas para quais um único infectado tende a transmitir o vírus. A medida reflete o cálculo em um determinado período. No caso da pandemia do Covid-19, em semanas.

Nos últimos sete dias, o país registrou o índice de 1,05. Isso significa que cada grupo de 100 pessoas contaminadas tende a infectar outros 105 indivíduos, que transmitem para 110, e assim por diante. Para suprimir o surto, o Rt deve ser menor que um. Ou seja, embora o indicador tenha diminuído, o coronavírus ainda é disseminado exponencialmente no Brasil.

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Pandemia do novo coronavírus já infectou mais de 8,2 milhões de pessoas ao redor do planeta. Imagem: Fabio Vieira/Getty Images

Na semana do dia 7 de junho, a taxa de contágio correspondia a 1,08. Em 31 de maio, o índice era de 1,13. No fim de abril, o número atingiu o ápice de 2,8, e logo caiu para 1,49 na semana de 4 de maio.

O estudo do Imperial College destaca que a estatística do Brasil é a 27ª maior em um grupo de 51 países analisados pela instituição. O país está atrás de outras cinco nações da América do Sul: Bolívia (1,36), Peru (1,36), Argentina (1,29), Chile (1,12) e Colômbia (1,1). A pesquisa considera somente locais com transmissão ativa, isto é, que registraram ao menos dez mortes de Covid-19 em cada uma das duas semanas anteriores, assim como um total mínimo de 100 mortes desde o começo da epidemia.

Estabilização

Esta quarta-feira (17), também marca três semanas de estabilização nos registros de mortes por Covid-19 no Brasil. O país registrou nesta terça-feira (16) 1.338 óbitos por coronavírus, o segundo maior número de mortes confirmadas em um único dia, de acordo com levantamento do consórcio de veículos de imprensa.

Entretanto, considerando médias semanais de vítimas da doença desde 26 de maio, o Brasil registra um patamar médio de 985 vítimas confirmadas por dia, sem apresentar oscilações de mais que 6% desse valor no período.

De acordo com o Globo, o número de casos e mortes indicam que o país pode estar próximo do platô da epidemia – em que há elevados números de ocorrências de forma contínua, mas sem grandes variações. Em outros países esta fase representou o pico da ocorrência de Covid-19, diz o jornal.

A evolução das estatísticas, no entanto, é diferente entre estados e municípios brasileiros. Enquanto algumas localidades, como os estados do Rio de Janeiro e São Paulo, apresentam uma evolução mais desacelerada da pandemia, em Minas Gerais o número de casos acumulados em 3 meses dobrou nos últimos 14 dias.

Em entrevista ao Globo, a microbiologista Natalia Pasternak, pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da USP ressaltou que em um país com dimensões continentais, “cada cidade e estado reage de maneira única”. Ela também afirmou que a subnotificação ainda representa um desafio para governos locais.

“Devemos ter diretrizes nacionais para uso de testes, mas as medidas de contenção e o relaxamento (para circulação de pessoas) serão decididas regionalmente”, explica Pasternak.

Além disso, medidas de relaxamento do isolamento social adotadas por estados e municípios, como a reabertura de shoppings em São Paulo, podem impactar os números de contaminações e óbitos em algumas semanas, uma vez que o coronavírus apresenta um tempo de incubação antes de se manifestar no organismo.

Fonte: Folha e Globo