Simulação mostra a chance de transmissão da Covid-19 em vários casos

Estudo mostra que apenas uma medida de prevenção, como o uso de máscaras, não é suficiente; vários cuidados devem ser tomados para maximizar a eficácia.
Rafael Rigues30/10/2020 14h54, atualizada em 30/10/2020 15h00

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O jornal espanhol El País publicou um artigo onde detalha o risco de transmissão do coronavírus Sars-Cov-2, responsável pela Covid-19, em vários cenários no dia-a-dia. As simulações, que incluem cenários como um encontro entre amigos em casa, uma sala de aula e uma visita a um bar ou restaurante, foram baseadas em uma ferramenta desenvolvida pelo Professor José Luis Jiménez, da Universidade do Colorado, nos EUA.

A ferramenta foi criada para destacar a eficácia e importância de medidas que impedem a propagação de aerossóis, partículas emitidas quando falamos, tossimos ou espirramos, que são a principal forma de transmissão da doença.

Segundo o jornal os cálculos não são exaustivos, nem cobrem todas as variáveis que podem afetar a transmissão, mas servem para ilustrar como o risco de contágio pode ser reduzido mudando condições sobre as quais temos controle.

Encontro de amigos

Um bom exemplo é um encontro entre seis amigos em uma sala fechada, durante quatro horas e sem que ninguém use máscaras. Neste cenário, uma pessoa irá infectar todas as outras cinco, mesmo que uma distância segura seja mantida entre elas.

Se máscaras forem usadas, quatro pessoas correm o risco de serem infectadas. Isso mostra que sozinho, o acessório não é capaz de impedir uma infecção se a exposição ao vírus for prolongada. Mas se todas as pessoas usarem máscaras, a duração do encontro for reduzida a duas horas e o espaço for ventilado, o risco de contágio é de menos de uma pessoa.

Reprodução

Visualização da eficácia do uso de máscaras para conter gotículas respiratórias que podem disseminar a Covid-19. Foto: Universidade Atlântica da Flórida

Visita a um bar

Outro cenário é um bar, com capacidade reduzida em 50% e ocupado por 18 pessoas: 15 clientes e três funcionários. Se as janelas estiverem fechadas e não houver ventilação mecânica do ambiente, 14 pessoas serão infectadas após quatro horas.

Com apenas o uso de máscaras, o número cai para oito novos casos. Mas se o local for ventilado, as pessoas usarem máscaras e o tempo de exposição for limitado a duas horas, o risco é que apenas uma pessoa seja infectada.

Na sala de aula

A última simulação é de uma sala de aula. O risco de novos casos é maior se o professor estiver doente, já que ele fala constantemente e frequentemente precisa levantar a voz para ser ouvido, o que aumenta a emissão de aerossóis. Neste caso, em uma sala fechada com 24 alunos e nenhuma medida para limitar a contaminação, há o risco de que 12 alunos sejam infectados.

Se todos usarem máscaras, o número de possíveis infecções cai para cinco. Mas se o ambiente for ventilado e a duração da aula for limitada a uma hora, para que o ar possa ser renovado completamente, ele cai para apenas um novo caso.

Encontro letal

Os cálculos para a simulação foram baseados em estudo de como a transmissão via aerossóis ocorre, usando como modelo surtos reais de outra epidemias que foram estudados detalhadamente.
Um deles foi um ensaio do coral de uma igreja no estado de Washington, nos EUA, em março deste ano. Apenas 61 dos 120 membros do coral estavam presentes, e esforços foram feitos para manter uma distância segura entre eles e seguir medidas de higiene.

Entretanto, os participantes não sabiam que estavam em uma situação de alto risco: sem máscaras, em um ambiente fechado sem ventilação e cantando e compartilhando o espaço por um tempo prolongado.

Em apenas duas horas e meia, apenas uma pessoa infectou outras 53. Algumas delas estavam a mais de 14 metros de distância, o que só pode ser explicado pela transmissão por aerossóis. Duas das pessoas infectadas morreram.

Fonte: El País

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital