Exatamente cinco meses. Esse foi o tempo que passou entre a Organização Mundial da Saúde, a OMS, declarar a disseminação do novo coronavírus como pandemia em 11 de março e a Rússia registrar, nesta terça-feira, 11 de agosto, a primeira vacina contra a covid-19, a Sputnik V.

A fórmula tem sido cercada de mistério. Um mapeamento da OMS mostra que a criação russa ainda estava na primeira fase de testes clínicos em humanos. Em geral, são necessárias três etapas para a avaliação das candidatas a vacina. Todos os processos foram feitos no próprio país e os voluntários que receberam a substância são todos moradores locais.

Como a avaliação do imunizante não seguiu os protocolos internacionais, autoridades de saúde de todo o mundo estão céticas em relação a ele. A Rússia afirma que o composto é eficaz e o presidente Vladimir Putin diz que o medicamento passou por todos os testes necessários. Ele conta até que uma de suas filhas foi vacinada e desenvolveu um grande número de anticorpos após receber duas doses.

Até o momento, o país não divulgou estudos ou dados científicos sobre os testes feitos com a Sputnik V. A única informação disponível é que a aplicação em humanos começou em 18 de junho. O primeiro grupo a receber a vacina tinha 18 voluntários. Um segundo grupo foi composto por 20 participantes. Todos receberam doses liofilizadas, em que a vacina é desidratada e sua molécula estabilizada.

O plano da Rússia é vacinar primeiro os profissionais de saúde, os professores e os integrantes de grupos de risco. A produção em massa da substância vai começar em setembro e essa aplicação inicial está programada para outubro. Putin enfatiza que a vacinação não será obrigatória.

Até o momento, não houve pedido de autorização de protocolo de pesquisa ou de registro da vacina desenvolvida na Rússia para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Brasil. Em nota, o órgão explica que sua análise só começa quando há uma solicitação. Por enquanto, a entidade não pode fazer qualquer avaliação do imunizante.

A Anvisa explica que, se o pedido de autorização vier, será avaliado com base na segurança e na eficácia da fórmula. Desde o início da pandemia, a Anvisa tem dado prioridade a medicamentos ou vacinas contra a covid-19. As solicitações têm sido avaliadas em 72 horas.