Rússia aproveita paralisação de vacina de Oxford para promover Sputnik V

Fundo responsável pelo desenvolvimento da vacina russa reforça segurança de sua iniciativa em comparação com outras tecnologias em teste
Renato Santino09/09/2020 22h05, atualizada em 09/09/2020 22h09

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Depois do anúncio da paralisação das pesquisas com a vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford e pela farmacêutica AstraZeneca, a Rússia aproveitou a situação para promover a sua própria iniciativa, a polêmica Sputnik V, reforçando a sua segurança.

Kirill Dmitriev, diretor do Fundo Russo de Investimento Direto (RFPI), que tem gerenciado e promovido o desenvolvimento da vacina, afirmou nesta quarta-feira (9) que não se manifestaria sobre a interrupção da vacina da AstraZeneca. No entanto, aproveitou, sim, para contar vantagem sobre o projeto de seu país.

Dmitriev ressaltou potenciais vantagens de desenvolver a vacina utilizando um adenovírus humano como vetor para a vacina, em vez da utilização do adenovírus utilizado pela AstraZeneca, que é, na verdade, um vírus de chimpanzés, ou o desenvolvimento das vacinas genéticas, como as pesquisadas por empresas como Moderna e Pfizer.

“Chamamos a atenção para um editorial anteriormente publicado, no qual o chefe do RFPI, Kirill Dmitriev, tocou a questão da muito mais estudada plataforma de vetores de adenovírus humanos em comparação com plataformas novas e não estudadas de produção de vacina, tais como os vetores de adenovírus de macaco ou RNA mensageiro”, diz o comunicado publicado pelo fundo.

“A segurança dos vetores de adenovírus humanos, aplicados na vacina Sputnik V, foi comprovada ao longo de décadas em mais de 250 testes clínicos, e eles são a plataforma mais compatível com o ser humano de entrega de material genético durante a criação de vacinas, uma vez que as pessoas coexistem com os adenovírus humanos há mais de 100 mil anos”, conclui o comunicado.

Apesar do otimismo russo, até o momento a vacina desenvolvida pelo Instituto Gamaleya foi aplicada e testada em pouquíssimas pessoas, o que não permite concluir se ela é realmente segura e eficaz como o RFPI tenta promover. A vacina passou pelas fases 1 e 2 de teste e agora entra na terceira e decisiva etapa, mesmo com a proposta de distribuição antes da conclusão dos experimentos.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital