O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom, classificou como “uma razão muito necessária para comemorar” a descoberta de que o esteroide dexametasona tem potencial para salvar vidas de pacientes graves da Covid-19. Em um comunicado nesta segunda-feira (22), o diretor disse, porém, que o próximo desafio “é aumentar a produção e distribuir dexametasona de maneira rápida e equitativa em todo o mundo, concentrando-se em onde é mais necessária”.
Na véspera, mais de 183 mil novos casos de Covid-19 foram relatados à OMS – o maior número em um único dia até agora – somando mais de 8,8 milhões de casos no total, com mais de 465 mil mortes relacionadas à doença. “Alguns países continuam vendo um rápido aumento de casos e mortes. Outros, que suprimiram com êxito a transmissão, agora estão vendo um aumento nos casos, ao reabrir suas sociedades e economias”, alertou Adhanom.
Para as regiões que está iniciando uma reabertura, como é o caso de alguns estados do brasil, o diretor-geral da OMS comentou sobre o “delicado equilíbrio” entre proteger a saúde da população e minimizar os danos sociais e econômicos. “Não é uma escolha entre vidas e meios de subsistência. Os países podem fazer as duas coisas. Instamos os países a serem cuidadosos e criativos na busca de soluções que permitam que as pessoas permaneçam seguras enquanto continuam suas vidas”.
Sobre a dexametasona, Adhanom comentou que a demanda pelo esteroide, após os resultados do estudo conduzido no Reino Unido, já aumentou. “Felizmente, este é um medicamento barato e existem muitos fabricantes de dexametasona em todo o mundo, que confiamos que podem acelerar a produção”, completou.
A OMS enfatizou que a dexametasona só deve ser usada em pacientes com doença grave ou crítica, sob rigorosa supervisão clínica. “Não há evidências de que este medicamento funcione em pacientes com doença leve ou como medida preventiva e pode causar danos”, afirmou o diretor-geral, pedindo que os países trabalhem juntos para garantir que os suprimentos sejam priorizados onde há um grande número de pacientes críticos, “e que esses suprimentos permaneçam disponíveis para o tratamento de outras doenças para as quais é necessário”.
No anúncio, feito na semana passada, pesquisadores de Oxford constataram que o medicamento foi eficaz em testes feitos com pacientes graves internados. A dexametasona reduziu a mortalidade em pacientes em respiradores em até um terço, e naqueles que precisavam de oxigênio, em um quinto. A pesquisa foi conduzida por vários cientistas e ainda não foi revisada por outros especialistas.
A dexametasona tem sido usada desde os anos 1960 para reduzir a inflamação em várias doenças, incluindo pacientes com câncer, e está na lista de medicamentos essenciais da OMS desde 1977. Por esta razão, está fora de patente e prontamente disponível em todo o mundo.