Pesquisa diz que 9 em cada 10 casos de coronavírus não são detectados no Brasil

Estatísticas oficiais estariam distorcidas por um número muito maior de pessoas assintomáticas ou com sintomas leves
Renato Santino24/03/2020 01h37

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O Brasil pode ter muito mais infectados pelo coronavírus do que se sabe. De acordo com uma pesquisa do Centro para Modelagem Matemática de Doenças Infecciosas da London School of Tropical Medicine, no Reino Unido, apenas 11% do total de casos são diagnosticados e passam a fazer parte das estatísticas oficiais.

O estudo tentou entender como se dá a subnotificação de casos da Covid-19 em vários países, entre os quais estava o Brasil, como noticiou o Estadão. Assim, praticamente 9 em cada 10 casos são desconhecidos, fazendo com que o Brasil pudesse ter até 17 mil infecções e 300 mortes em um cenário em que os dados oficiais são de 1.891 confirmações e 34 mortes.

Essa discrepância entre o número real de casos e a estatística oficial se dá pelo fato de que boa parte dos infectados não apresentam qualquer sintoma, ou então têm sintomas muito leves, que não são suficientes para levar alguém até um hospital. A orientação do Ministério da Saúde, inclusive, tem sido essa: quem não tem sintomas mais sérios deve ficar em casa, sem procurar auxílio médico desnecessariamente.

No entanto, isso não significa que esse cenário se repete no mundo inteiro. Países como Coreia do Sul e Alemanha, que tiveram condições de investir pesado em testes de Covid-19, estão realizando amplas campanhas para testar a população, o que faz com que o percentual de casos desconhecidos seja menor. A pesquisa estima que os sul-coreanos conheçam 88% dos casos do país, enquanto os alemães tenham ciência de 75%.

A maior parte dos países não se mostrou capaz de adotar políticas de testes tão rígidas, o que faz com que o percentual de casos detectados seja bem menor. A Itália, atualmente em situação crítica, teria apenas 4,6% das infecções detectadas, enquanto a Espanha, cuja situação começa a piorar rapidamente, detectaria apenas 5,3% dos casos. Enquanto isso, Bélgica e França estariam próximas do patamar brasileiro, com 12% e 9,2% respectivamente.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital