Oxford diz que pode entregar resultados de testes a autoridades ainda em 2020

Pesquisador reforça que, para isso, é necessário que os experimentos caminhem em um ritmo acelerado
Renato Santino25/08/2020 18h34

20200706044027-1920x1080

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Quando uma vacina contra a Covid-19 estará disponível? A resposta para isso depende de como os testes caminham e da agilidade com que os dados são coletados. No entanto, pesquisadores de Oxford, que desenvolvem uma das pesquisas mais avançadas no momento, acreditam que podem entregar dados concretos a autoridades regulatórias ainda neste ano.

Em entrevista à BBC, Andrew Pollard, diretor do Grupo de Vacinas de Oxford, explica que essa é uma possibilidade, mas que depende de os dados se acumularem rapidamente até o fim do ano para que a pesquisa possa atestar a eficácia da vacina, como relata a agência Reuters.

“É possível que, se os casos se acumularem rapidamente nos ensaios clínicos, nós possamos entregar os dados para as agências regulatórias neste ano. Então eles passariam por um processo de avaliação completa dos dados”, ele afirma.

Neste momento, a vacina desenvolvida pela universidade em parceria com a farmacêutica AstraZeneca, está na fase 3 dos testes em estudos multinacionais, entre os quais o Brasil está incluso. Nesta fase, os cientistas esperam comprovar a eficácia da vacina, e isso é feito acompanhando a exposição dos voluntários ao vírus e seus resultados. Como não é eticamente viável expor os pacientes diretamente ao coronavírus propositalmente, esse contato precisa ser natural. É por isso que os participantes ideais dos estudos são profissionais da saúde, com contato direto com pacientes contaminados. Também é por isso que são envolvidas dezenas de milhares de pessoas nos testes, aumentando chances de contato.

Assim, não há como acelerar a fase 3 de testes. Os resultados sairão quando os pesquisadores conseguirem acumular um volume significativo de evidências sobre a eficácia do composto. Se muitos voluntários se expuserem ao vírus rapidamente, a pesquisa terá respostas mais rápidas. Caso contrário, as conclusões podem ficar só para 2021.

Apesar da cautela de Pollard, o Brasil já se prepara para começar a aplicar a vacina ainda neste ano. A Fiocruz receberá material para produzir 30 milhões de doses até janeiro, o que pode ser suficiente para vacinar 15 milhões de brasileiros, já que devem ser necessárias duas aplicações por pessoa. O acordo também prevê a reserva de mais 70 milhões de doses.

Vacina antecipada?

Recentemente, o jornal Financial Times publicou uma matéria citando fontes anônimas que alegam que Donald Trump pretende emitir uma autorização emergencial para distribuição da vacina de Oxford nos Estados Unidos antes da eleição de novembro, como forma de tentar alavancar suas chances no pleito.

Para isso, Trump se basearia nos resultados obtidos com 10 mil voluntários, embora as agências governamentais do país houvessem decidido que seriam necessários 30 mil participantes nos experimentos para concluir algum resultado.

Pollard ressalta que o protocolo para uma vacina emergencial existe, mas para isso é necessário ter evidências concretas de eficácia baseadas nos dados coletados, mesmo que os estudos ainda não tenham sido concluídos.

A AstraZeneca também afirmou que não tem, neste momento, nenhum acordo em andamento com o governo dos Estados Unidos para distribuição emergencial de sua vacina.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital