Documentos do Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, vazados no início desta semana e obtidos pelo Yahoo News, alertam que o relaxamento das medidas de prevenção e distanciamento social no país fez com que os casos de Covid-19 subissem novamente.
O principal especialista em doenças infecciosas da Casa Branca e uma figura nacional na luta contra o coronavírus, o médico Anthony Fauci, lamentou esta semana que o surto tenha se tornado “seu pior pesadelo”. “Em um período de quatro meses, devastou o mundo inteiro”, disse Fauci. “E ainda não acabou”.
Ainda não está claro se o que está acontecendo é a chamada “segunda onda” da Covid-19, que pode levar a mais inúmeras mortes e derrubar novamente uma economia que está apenas começando a se recuperar, especialmente porque o vírus está sendo combatido de maneiras muito diferentes em diferentes áreas do país.
O escritor do Atlantic, James Hamblin, cujos alertas precoces sobre a pandemia se mostraram quase uma previsão, não concorda com a ideia de que os EUA estejam passando por uma segunda onda. Em seu Twitter, ele disse que seria mais preciso classificar os casos da doença no país como “uma onda longa”, que nivelou os número com cerca de 20 mil casos e mil mortes por dia.
Nationally there’s no “second wave.” There’s one long wave. We’ve been in a plateau of around 20,000 cases and 1,000 deaths a day, largely among minority and vulnerable populations. Reopening will cause spikes, but calling them a second wave denies the reality of what’s going on. pic.twitter.com/ivutKKYgF9
— James Hamblin (@jameshamblin) June 11, 2020
Esses são números muito altos e até difíceis de entender, especialmente quando as mortes deixam claras as desigualdades existentes no país. No Brasil, vemos a mesma situação. Se a pandemia continuar causando mil mortes por dia, ou se esse número subir ainda mais, é possível que os EUA tenham 200 mil vidas perdidas em apenas alguns meses.
Para complicar ainda mais a análise dos norte-americanos, o coronavírus está se espalhando a taxas muito diferentes em áreas variadas do país. As áreas menos afetadas na onda inicial – e que consequentemente não levaram a sério as medidas de distanciamento social e o uso de máscaras – estão prestes a ser atingidas tão fortemente quanto a cidade de Nova York no início deste ano.
Isso tudo considerando apenas os EUA, mas sabemos que o atual epicentro da pandemia está na América Latina. Só uma coisa é certa: enquanto os cientistas não conseguirem uma vacina contra a Covid-19, dificilmente voltaremos a viver como antes.
Via: Futurism