A pressa para obtenção de kits para testar pacientes para Covid-19 tem criado algumas situações inconvenientes. Uma das mais bizarras aconteceu nos Estados Unidos quando, ainda em fevereiro, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) distribuiu para estados kits para detecção do coronavírus que já estavam previamente contaminados com o vírus.
Como você já deve imaginar, os testes contaminados não foram capazes de produzir resultados confiáveis, como confirmaram ao New York Times oficiais ligados ao governo federal.
Inicialmente, o CDC havia mantido uma postura discreta sobre o erro, sem deixar claro o motivo pelo qual os testes não eram confiáveis. A organização mantinha que havia um problema na produção de um dos reagentes, causando falha. Posteriormente, ficou claro que o problema residia na parte do controle negativo do teste, que é justamente a parte que deveria se manter livre de qualquer contato com o vírus para ser comparado com a amostra coletada. Com a contaminação, não havia como chegar a qualquer conclusão.
Investigações posteriores mostraram uma falta de cuidado na produção dos kits. Entre os problemas observados estavam pesquisadores entrando e saindo dos laboratórios sem trocar seus jalecos e a realização da montagem dos kits no mesmo ambiente em que amostras contaminadas eram manuseadas.
O CDC confirmou o problema e diz que implementou novas normas para controle de qualidade na produção dos testes, mas o real impacto desse engano pode ter sido enorme, mas esse processo levou cerca de um mês. Hoje, os Estados Unidos são o epicentro da pandemia, com mais de 760 mil casos confirmados e 40 mil mortes, e boa parte do problema se deve à dificuldade na obtenção de testes quando os números ainda eram baixos, para que poderiam ser aplicadas medidas mais efetivas de contenção.