Diante da pandemia do novo coronavírus, a startup paulista Milênio Bus desenvolveu um sistema para monitorar a aglomeração no interior de estabelecimentos. A solução funciona por aparelhos instalados nas tomadas dos recintos. Os dispositivos, que operam em um raio de 15 metros, registram códigos de identificação emitidos por smartphones quando os celulares consultam a disponibilidade de redes sem fio no ambiente.

A quantidade de registros é então associada a área do estabelecimento. Os resultados são descritos no “Índice Nacional de Aglomeração Geográfica“, uma plataforma de acesso livre alimentada pela startup com os registros de aglomeração, separados por datas e horários.

Segundo o cofundador da Milênio Bus Marcel Ogando, a solução corresponde a uma adaptação de uma tecnologia já empregada para mensurar em tempo real o fluxo e a aglomeração de pessoas no interior de ônibus, incluindo equipamentos de transporte público. A ideia agora é adequar o produto para atender às necessidades de mercados.

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Para Ogando, a solução oferece a gestores dos estabelecimentos uma forma facilitada de obter dados sobre o fluxo de clientes nas lojas. Esse tipo de informação pode subsidiar ações de logística para gerenciar a demanda ou mesmo filas nos horários de pico. Já para os consumidores, o sistema ajuda a evitar locais muito movimentados. “O propósito é que as pessoas possam tomar decisões com base nos dados. Para ir ao mercado, por exemplo, elas podem checar qual o local com menos aglomeração pelo aplicativo”, afirmou com exclusividade ao Olhar Digital.

Desafio

Por enquanto, a plataforma do Índice Nacional de Aglomeração Geográfica conta com apenas um estabelecimento registrado. Ogando argumenta que a iniciativa foi inaugurada há somente duas semanas.

Ele pontua, no entanto, que os primeiros contatos da startup foram com pequenos comerciantes e, embora o feedback inicial tenha sido positivo, há dificuldades em empregar a tecnologia nas pequenas empresas. “Os pequenos negócios têm sofrido muito com a crise. Geralmente, eles não têm como viabilizar um teste, e nós também não conseguimos viabilizar o teste do nosso bolso. O que procuramos hoje é uma rede maior de empresas que consiga viabilizar os testes”, disse o executivo.

Segundo ele, se fossem empregados os dispositivos da própria startup  em 10 lojas de uma rede, por exemplo, seria possível obter o índice de todas elas. “Os consumidores poderiam escolher o mercado A ou B, de acordo com a lotação”, afirmou.

Futuro

O cofundador diz ainda que vê a aplicação dessa tecnologia em repartições públicas e outros tipos de estabelecimentos que costumam registrar filas e fluxo elevado de pessoas, como lotéricas e agências bancárias. Por outro lado, Ogando reconhece a dificuldade de atender equipamentos ao ar livre, como parques, uma vez que os dispositivos necessitam de tomadas.

Ele ressalta que os dispositivos podem medir o tempo gasto pelos indivíduos nos recintos e até detectar o tamanho de uma fila. No entanto, na maioria dos smartphones, é necessário que a função Wi-Fi dos usuários esteja ligada. Em relação à privacidade dos dados, Ogando garante que eles são coletados de forma agrupada e tratados em condições anônimas.