Pesquisa indica que 90% de infectados por Covid-19 desenvolvem sintomas

Nova etapa de estudo da Universidade Federal de Pelotas desmente hipótese de que maioria dos contaminados são assintomáticos
Renato Santino03/07/2020 00h02

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Desde o início da pandemia da Covid-19, uma das grandes dúvidas relacionadas à doença é a proporção de pessoas que nunca desenvolvem sintomas ao contrair o coronavírus, principalmente pela dificuldade na detecção de assintomáticos. Agora, um estudo da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) traz alguma luz ao tema; segundo pesquisa, 91% das pessoas contaminadas desenvolvem algum tipo de sintoma, mesmo que leve.

Como aponta Pedro Hallal, professor da UFPel responsável pelo estudo, a baixa proporção de assintomáticos não é uma notícia negativa. Mesmo com sintomas, não são todos os casos que precisam de hospitalização, então eles permitem a detecção e isolamento de pacientes com mais facilidade. Um cenário muito mais preocupante seria uma proporção maior de assintomáticos que nunca descobrem a doença, mas circulam livremente transmitindo o vírus, dificultando ainda mais o controle.

Para chegar a esses dados, a pesquisa da UFPel está realizando testes rápidos por todo o Brasil para detecção de anticorpos, que revelam se uma pessoa já teve contato com o vírus em algum momento. Entre as pessoas que disseram ter sentido algum sintoma, os mais comuns já são bem conhecidos:

  • alteração no olfato e paladar (62,9%)
  • dor de cabeça (62,2%)
  • febre (56,2%)
  • tosse (53,1%)
  • dor no corpo (52,3%)
  • dor de garganta (35,1%)
  • diarreia (29,3%)
  • dificuldade para respirar (26,9%)
  • tremedeira no corpo (26,2%)
  • palpitação (23,1%)
  • vômitos (10,3%)

Os dados foram obtidos com base em uma amostragem de 89.397 pessoas em 133 cidades ao longo de três fases. A primeira delas aconteceu entre 14 e 21 de maio, e as seguintes ocorreram entre 4 e 7 de junho e 21 e 24 de junho.

Os pesquisadores também concluíram que, no Brasil, a prevalência do vírus é mais comum na região Norte, onde as estimativas chegaram a 9% da população infectada na fase 2 de testes, com queda na fase 3 para 8%, indicando estabilização. Na sequência vem o Nordeste, que chegou a 5,1% de infectados, o Sudeste com 1,1%, Centro-Oeste com 0,9% e o Sul, com 0,4%.

O estudo da UFPel também estima que a letalidade da Covid-19 no Brasil esteja na faixa de 1,15%, em vez dos 4,1% retratados nos dados diários do Ministério da Saúde. Essa taxa tende a ser mais próxima da realidade, já que o teste de prevalência de anticorpos detecta muitas pessoas que sequer foram testadas para o coronavírus, detectando casos leves de pessoas que nem mesmo buscaram apoio médico.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital