Pesquisa com brasileiros consegue prever quem terá complicações com Covid-19

Estudo liderado por brasileiros detecta aumento de proteína gerada pelo sistema imunológico que, quando em excesso, pode agravar doença
Renato Santino28/07/2020 23h55, atualizada em 29/07/2020 00h10

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Uma nova pesquisa liderada por brasileiros trouxe uma luz para um tema complexo: como descobrir quem vai ter mais complicações após a infecção por Covid-19? O estudo, divulgado na revista científica Nature, conseguiu detectar um momento em que uma análise sanguínea pode detectar se um paciente pode ter mais ou menos riscos antes que eles se manifestem diretamente.

Como relataram os pesquisadores brasileiros Tiago Castro, da Universidade Rockefeller, e Carolina Lucas, da Universidade de Yale, ao site G1, por volta do dia 9 ao dia 12 após o contágio, já é possível detectar fatores inflamatórios que podem determinar os rumos da doença, e se o quadro do paciente tende a melhorar ou se agravar.

Por meio do acompanhamento de exames sanguíneos de 113 pacientes com casos moderados e graves da doença, os pesquisadores detectaram os níveis de citocinas no sangue, que podem determinar o melhor rumo para o tratamento. O estudo conclui que há uma relação entre um alto nível precoce de citocinas com piores desfechos para um caso.

As citocinas são parte do sistema imunológico que criam um processo inflamatório natural no organismo para combater um agente invasor, como um vírus. No entanto, em alguns casos, essa reação é exagerada, criando um processo hiperinflamatório que pode ser letal. É o que se chama de “tempestade de citocinas”. Essa reação é um dos fatores complicadores da doença, e já é bem conhecida desde os primeiros meses da pandemia.

O que os pesquisadores conseguiram fazer foi detectar o momento em que é possível “bifurcar” quais pacientes estão propensos a desenvolver essa reação exagerada, aumentando os riscos da doença, e quem não deve perceber.

A descoberta é chave para tratar a doença de forma mais eficaz. Recentemente, estudos concluíram que o uso de corticoides, como a dexametasona, pode ser eficaz para evitar mortes de pacientes que desenvolvem quadros graves da doença, justamente por lidar com essa reação exagerada do sistema imunológico. O uso precoce da medicação, no entanto, pode ter o resultado contrário, já que o efeito imunossupressor do medicamento pode impedir que o organismo combata o vírus de forma eficaz. Portanto, encontrar o momento ideal para aplicação do medicamento pode ser crucial para salvar vidas.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital