Pesquisadores brasileiros deram início a um projeto que visa utilizar inteligência artificial para reconhecer e diagnosticar a Covid-19 remotamente, por meio do som da tosse do paciente. Durante a primeira etapa, os cientistas esperam coletar 900 amostras de áudio para treinar o algoritmo de reconhecimento.

A pesquisa é desenvolvida pelo Instituto Butantan e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) fazendo uso em um modelo de IA da Intel como resultado de mediação do Movimento Brasil Competitivo (MBC). Os estudos também terão participação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e da Universidade de São Paulo (USP).

Antes de disponibilizar o serviço ao público, os cientistas primeiro esperam treinar o algoritmo para reconhecer diferença entre os tipos de tosse. Para isso, o objetivo é coletar amostras de tosse de 300 pessoas saudáveis, 300 indivíduos com diagnóstico positivo de Covid-19 e 300 com outras doenças respiratórias. Quem estiver interessado em participar voluntariamente desse processo pode gravar sua tosse, que no caso dos pacientes saudáveis será forçada) por meio de um aplicativo durante 30 a 60 segundos no portal SoundCov.

Depois da coleta das amostras, os pesquisadores esperam que o serviço esteja disponível em questão de 30 dias.

Essa tecnologia se baseia na premissa levantada por alguns estudos de que diferentes síndromes respiratórias geram tosses diferentes. A inteligência artificial seria capaz de reconhecer os diferentes padrões sonoros para poder gerar uma ferramenta de apoio diagnóstico, com a vantagem de que a pessoa poderia obter informação sem sair de casa e arriscar-se a propagar o vírus.

Os pesquisadores, no entanto, apontam que essa ferramenta servirá exclusivamente para apoio diagnóstico e não substitui os exames RT-PCR convencionais. A solução não poderá confirmar que a pessoa tem o vírus, mas servirá para indicar uma provável infecção, com as instruções para que o paciente se isole e busque se testar.

Abordagem é discutida

Um estudo publicado em junho por pesquisadores da Universidade de Michigan na revista Proceedings of the Royal Society B, discute que não é possível realizar diagnósticos precisos de uma doença apenas considerando a tosse das pessoas. 

De acordo com o estudo, indicações de que diferentes tipos de tosse permitem diagnosticar doenças estão equivocadas. Os pesquisadores testaram voluntários para saber se eles realmente sabiam a diferença entre alguém que tosse devido à garganta irritada ou por realmente ter uma doença. Os resultados indicaram que eles estavam certos em apenas metade dos palpites, o que é basicamente a mesma chance de sucesso de acertar um jogo de cara ou coroa.