Países asiáticos voltam a ver seus números da Covid-19 crescerem

Mesmo diminuindo o contágio comunitário, algumas regiões como Coreia do Sul, Singapura e Taiwan agora veem seus casos de coronavírus aumentando através de pessoas que chegam de outros países
Renato Mota07/04/2020 17h43

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Singapura, Hong Kong, Taiwan e Coreia do Sul, locais onde a curva de novos casos de Covid-19 estava sendo “achatada“, agora estão vendo seus níveis de infecção voltarem a subir após o afrouxamento das regras de isolamento. Esses lugares estão passando pela “reimportação” da doença – resultado de viajantes que chegam de lugares em que o surto do novo coronavírus ainda está em crescimento.

A contagem de casos de Hong Kong começou a subir em 18 de março e teve um aumento de 84 casos no dia 28. Depois de meses com números que não chegavam à dois dígitos, Singapura aumentou em 47 os novos registros no dia 16 de março e, desde então, a cidade-estado teve três dias com mais de 70 novos casos cada. Em Taiwan, as novas infecções atingiram o máximo de cinco no final de janeiro, mas já saltaram para os 20 em meados de março. A Coreia do Sul teve 86 novos casos em 3 de abril.

Em comum, esses lugares bloquearam a imigração já nos primeiros dias de epidemia na China, e mobilizaram agentes de saúde pública para acompanhar os casos, mantendo seus hospitais controlados e publicando informações e dados claros e consistentes. Por isso, conseguiram achatar suas curvas antes que o resto do mundo entendesse que haveria curvas para achatar.

Mas nas últimas semanas, essas curvas voltaram a crescer e o número de novos casos está subindo cada vez mais – embora baixos se comparados aos novos epicentros da doença, como os Estados Unidos, Espanha e Itália. Mas o problema é justamente esse: o vírus não respeita fronteiras. “No final de fevereiro e início de março começamos a receber mais casos importados da Europa. Hong Kong recebeu muito da Europa, EUA e outras partes do mundo, e Taiwan recebeu muito dos EUA”, explica o epidemiologista da Universidade de Hong Kong, Ben Cowling.

Isso se comprova com o levantamento dos novos casos, que não são fruto de transmissão local do vírus. Em Taiwan, por exemplo, “eles prolongaram as férias de inverno para crianças por dez dias, para que pudessem preparar as crianças para voltar à escola com máscaras. Muitas pessoas foram à Europa para férias e voltaram doentes”, diz Jason Wang, diretor do Centro de Políticas de Prevenção da Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford.

Entre as suas primeiras medidas, Singapura, Hong Kong e Taiwan conseguiram manter uma contenção diligente dentro de suas próprias fronteiras, acompanhando todas as infecções – ou quase todas as infecções – e isolando todos os casos positivos. Taiwan ainda vinculou seu banco de dados de imigração ao seu sistema nacional de saúde. Singapura instituiu multas severas para quem rompesse o distanciamento social.

“O problema é que você não atende todas as pessoas, especialmente quando as pessoas com sintomas leves sabem que, se forem testadas, serão isoladas de seus amigos e familiares, que também serão isolados. Há um desincentivo”, afirma Cowling.

O retorno do vírus estimulará novas medidas de contenção. Hong Kong voltou atrás no relaxamento de suas regras de distanciamento social, e Singapura, Coreia do Sul e Taiwan instituíram regras de controles de imigração ainda mais rigorosas.

Via: Wired

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital