Modelo 3D mostra como o novo coronavírus se liga às células humanas

Pesquisadores também foram capazes de analisar cepas semelhantes do vírus presentes em morcegos e pangolins
Luiz Nogueira01/04/2020 13h28

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Quando uma nova doença surge, cientistas de várias partes do mundo entram em ação para tentar descobrir tudo o que puderem sobre, com a esperança de fornecer novas maneiras de ajudar em sua prevenção e combate. Com o novo coronavírus, não foi diferente.

Recentemente, pesquisadores da Universidade de Minnesota (UM) investigaram a proteína ‘spike’, localizada na superfície do vírus. Com os resultados, eles esperam contribuir para o trabalho de criação de medicamentos contra a doença.

A equipe usou uma técnica chamada cristalografia de raios-X para criar um modelo 3D com a aparência da proteína. O projeto foi usado para entender como o vírus se liga às células humanas. “Aprendendo quais características estruturais das proteínas virais são mais importantes no estabelecimento de contato com células humanas, podemos projetar medicamentos que buscam e bloqueiam sua atividade”, disse Fang Li, pesquisador biomédico da UM.

Reprodução

Embora a imagem esteja longe da forma que estamos acostumados a ver do novo coronavírus, esse é um modelo particularmente útil para cientistas. A visualização permite entender como as pequenas mutações da proteína criam diferentes dobras e sulcos, o que muda a maneira como a partícula do vírus se liga aos receptores das células humanas.

Em entrevista ao The Guardian, Li declara que “a estrutura 3D mostra que, comparado ao vírus que causou o surto de SARS, o novo coronavírus desenvolveu novas estratégias para se ligar aos receptores humanos, resultando em uma ligação mais consistente. Essa forte integração pode ajudar o vírus a infectar células humanas facilmente e se espalhar”.

Análise em animais

A pesquisa também foi capaz de analisar cepas semelhantes do coronavírus presentes em morcegos e pangolins. A descoberta pode esclarecer como o vírus infectou os seres humanos.

De acordo com os resultados, a cepa de morcegos precisaria passar por várias mutações antes de chegar a uma forma que se encaixe bem aos receptores humanos. No entanto, a cepa do vírus em um pangolim teve um ajuste melhor às pessoas. Isso dá mais sustentação à teoria de que esses animais são os hospedeiros intermediários da doença.

Mesmo com as informações reunidas, deve-se ter cautela nesta fase. Esse tipo de pesquisa está em constante evolução e, embora seja promissora, foram usados apenas pequenos fragmentos do vírus, portanto, há mais informações a serem descobertas antes de tirarmos qualquer conclusão.

Via: Science Alert

Luiz Nogueira
Editor(a)

Luiz Nogueira é editor(a) no Olhar Digital