Ministério da Saúde define protocolo de uso da cloroquina contra Covid-19

Medicamento experimental será usado apenas em pacientes graves, e sua eficácia está longe de ser comprovada
Renato Santino26/03/2020 01h32

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Agora é oficial: a cloroquina e sua variante menos tóxica, a hidroxicloroquina, começarão a ser usados no tratamento da Covid-19 em pacientes graves no Brasil. O Ministério da Saúde vai distribuir 3,4 milhões de unidades do medicamento para hospitais e determinou um protocolo para uso da droga.

De acordo com a orientação, o tratamento com a cloroquina deve ser realizado ao longo de cinco dias. O medicamento deve ser ministrado apenas sob supervisão médica e apenas em pacientes graves.

“O que vamos propor é um protocolo específico de curto prazo para que possamos tratar pacientes hospitalizados. Sabemos que há lacuna de conhecimento, mas, para pacientes críticos, que vão para CTI, a taxa de letalidade chega a 49%. Temos que dar alternativas”, disse Denizar Vianna, secretário de ciência e tecnologia do Ministério da Saúde, como relata a Folha de S. Paulo.

O Ministério também deixa claro que o medicamento deve ser usado exclusivamente no ambiente hospitalar, então só deve comprar a droga na farmácia é quem o utiliza para tratar outras doenças, como lúpus, artrite reumática e malária. O ministro Luiz Henrique Mandetta diz que, para quem comprou o item na esperança de combater o coronavírus, o correto seria ir até a farmácia e devolvê-lo. Sem supervisão médica, é possível haver reações adversas perigosas, como arritmia cardíaca, então a automedicação não é aconselhada.

A medida vem com base em um estudo bastante limitado, que envolveu 36 pessoas divididas em três grupos: um tratado com a hidroxicloroquina, outro com uma combinação da droga com o antibiótico azitromicina e o último recebeu tratamento convencional. Os pacientes tratados com a hidroxicloroquina se curaram mais rápido do que os que tiveram um tratamento comum, e os resultados foram ainda mais promissores no grupo que se tratou utilizando também o antibiótico.

No entanto, especialistas concordam que o fato de o estudo ser muito pequeno faz com que ele seja pouco confiável, permitindo uma série de vieses que só seriam eliminados com uma pesquisa mais ampla e randomizada. Isso deve eliminar o risco de coincidências nos resultados.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital