Nos últimos dias, o Ministério da Saúde mudou sua orientação sobre uso de máscaras contra o coronavírus. Até a semana passada, só era recomendado o uso de máscaras para quem apresentasse sintomas da Covid-19, para não transmitir o vírus adiante. Recentemente, o ministro Luiz Henrique Mandetta começou a orientar o público a criar suas próprias máscaras em casa usando um pedaço de pano de algodão (pode ser uma camiseta) para serem usadas quando for necessário sair de casa.

A sugestão inicialmente causou divergência, mas tem começado a ganhar corpo entre especialistas. A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) é uma das que se manifestou sobre o tema. O grupo segue defendendo que, entre a população comum, o uso de máscaras cirúrgicas deve ser limitado a quem apresenta sintomas. É uma posição que condiz com o que se têm falado desde o princípio e que visa destinar o equipamento para os profissionais de saúde que estão na linha de frente no combate ao vírus

No entanto, a SBI também respondeu às orientações do ministério sobre as máscaras caseiras, feitas de tecido. Primeiramente, a organização é categórica ao falar que “em serviços de saúde, elas não devem ser usadas sob qualquer circunstância”, mas para o resto da população, a associação diz que essa é uma possibilidade na crise atual.

“Para a população que necessita sair de suas residências, a máscara de pano pode ser recomendada como uma forma de barreira mecânica”, diz o comunicado da SBI, que nota que o uso da máscara caseira não deve jamais excluir outras medidas de proteção, como a higienização constante das mãos, o distanciamento social, com uma distância segura de outras pessoas e evitar tocar no rosto, especialmente na boca, nariz ou mãos.

“A máscara de pano pode diminuir a disseminação do vírus por pessoas assintomáticas ou pré-sintomáticas que podem estar transmitindo o vírus sem saberem, porém não protege o indivíduo que a está utilizando, já que não possui capacidade de filtragem. O uso da máscara de tecido deve ser individual, não devendo ser compartilhado”, diz o comunicado da SBI. Ou seja: use, mas não para proteção própria, e sim para proteger os outros contra o vírus que você pode estar carregando sem saber, por não ter desenvolvido sintomas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) também passou a abrandar sua posição de não recomendar máscaras para pessoas assintomáticas. A organização segue falando que máscaras cirúrgicas e respiradores N95 devem ser direcionados primeiramente para profissionais de saúde, mas passou a estudar a recomendação de máscaras caseiras para o restante da população.

“O debate sobre o uso de máscaras, em geral, é baseado, é construído, não no paradigma de se proteger. A evidência é bastante clara de que o uso de uma máscara em público não o protege necessariamente. Mas se uma pessoa doente usa uma máscara, é menos provável que ela possa infectar outras pessoas”, afirmou Michael Ryan, diretor-executivo da OMS.