Criado em 2006 para monitorar epidemias utilizando Inteligência Artificial, o HealthMap incluiu no seu radar os casos de coronavírus. A ferramenta combina relatórios oficiais dos países com postagens em jornais locais e mídias sociais para criar um mapa em tempo real do surto.
O professor da Faculdade de Medicina de Harvard, John S. Brownstein, criador do sistema, explica que o objetivo não é apenas identificar casos, mas também coletar informações sobre a percepção do público. “A mineração de mídia social nos fornece uma perspectiva de como a população está reagindo ao coronavírus, e também aos rumores sobre a doença”, afirma Brownstein.
Os pesquisadores do HealthMap fizeram parceria com organizações como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e os Centros para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC). Usando fontes como pesquisas no Google, postagens em mídias sociais, blogs e conversas em salas de bate-papo, a tecnologia identifica marcadores de várias doenças infecciosas e coleta dados para pesquisadores e agências governamentais.
O Healthmap pode ser filtrado para exibir somente casos do coronavírus (inclusive apresentando uma linha do tempo de como a doença se espalhou), mas também pode ser configurado para mostrar todas as doenças que são monitoradas. Para a região de São Paulo, por exemplo, o mapa alerta para casos de dengue, febre amarela e sarampo, além do Covid-19.
Desde sua criação, o Healthmap se mostrou eficaz no mapeamento de muitos surtos na última década, como gripe suína e ebola. “Foi muito desafiador obter uma imagem precisa do que estava acontecendo em todo o mundo em termos de doenças infecciosas. Ou não sabíamos sobre os eventos, ou os governos não os estavam realmente reportando, ou as informações eram bloqueadas”, lembra o médico.
Usando uma combinação de aprendizado de máquina e crowdsourcing, o HealthMap aproveita informações da web que os epidemiologistas não costumam usar para rastrear doenças. “Se você pudesse organizar esse tipo de informação – raspar, rotular, processar e remover o ruído – pode ter uma visão dos surtos emergentes de uma maneira que não havia sido mostrada antes”, disse Brownstein.
Via: Wall Street Journal/The Harvard Crimson