O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e outros cientistas divulgaram, nesta terça-feira (7), um relatório que defende o isolamento social como forma de combate ao coronavírus. O texto foi publicado na Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical.

Um artigo científico indica que, mesmo com as medidas de isolamento, o vírus pode circular no Brasil até setembro. Além de Mandetta, Wanderson Oliveira, secretário de Vigilância em Saúde do ministério; e pesquisadores da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), da Fiocruz, da Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado e do Ministério da Saúde assinaram o estudo.

“Vários modelos matemáticos mostraram que o vírus estará potencialmente circulando até meados de setembro, com um pico importante de casos em abril e maio”, informaram os autores. Ainda segundo o relatório, o próprio isolamento social pode reduzir o impacto econômico se implantado com urgência. “O isolamento social é uma medida que deve ser sugerida no início para achatar a curva epidemiológica com o mínimo possível impacto econômico”, acrescentaram.

Sistema público de saúde

Os especialistas também citam preocupações com relação à capacidade do sistema público de saúde. “Assim, existem preocupações quanto à disponibilidade de unidades de terapia intensiva (UTI) e ventiladores mecânicos necessários para pacientes hospitalizados com Covid-19, bem como a disponibilidade de testes diagnósticos específicos”, enfatizam.

Os autores ainda abordam críticas à Organização Mundial da Saúde (OMS), que tardou a qualificar o grau de ameaça da doença. “É importante notar […] que em 27 de janeiro a OMS admitiu um erro significativo associado ao risco global do Covid-19 avaliação, que até três dias antes era considerada moderada”. Os pesquisadores usam essa informação para alertar sobre o rápido crescimento de casos e fazer um paralelo entre a possibilidade de uma brusca mudança no cenário brasileiro.

Além disso, para eles, a falta de agilidade “pode ter dificultado a mensuração da implementação de intervenções internacionais específicas em tempo hábil e pode ter resultado em um aumento no número de casos na China e na disseminação da doença para outros países, incluindo o Brasil”.

O presidente Jair Bolsonaro, com quem Mandetta tem se desentendido por ser contrário às autoridades de saúde, não foi citado no texto.

No momento, o Brasil apresenta 12.377 casos confirmados de coronavírus, dos quais 582 resultaram em mortes.

 

Via: O Globo