O Brasil não perdeu tempo e os laboratórios particulares nacionais já estão fornecendo testes fabricados integralmente no país para detecção do Covid-19, o coronavírus. Em alguns casos, as empresas divulgam os resultados em até 24 horas.

“Logo no início da execução, não tínhamos insumos. Agora, por conhecer a sequência do vírus, a gente conseguiu desenhar um ensaio mais específico. O prazo para entrega do resultado é de sete dias, mas, até o fim do mês, vamos liberar em até 48 horas”, contou Nelson Gaburo, gerente-geral da rede de laboratórios DB Molecular, que lançou o teste no último dia 6 de fevereiro.

O Grupo Fleury, por sua vez, passou a oferecer o teste na última sexta-feira (14). A solução proveio da parceria entre hospitais de São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. “A gente está acompanhando especialmente desde 12 de janeiro, quando os chineses publicaram a sequência genética do vírus. Usamos o PCR, que é um recurso que a gente usa para forçar o vírus a se multiplicar. Seguimos um protocolo alemão. Nele, pedaços de DNA se grudam em três partes do vírus para que ele possa se multiplicar e a gente usa isso para identificar a presença do vírus”, explicou Celso Granato, infectologista e diretor clínico do Grupo Fleury.

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Nos laboratórios Fleury, o resultado também demora 48 horas para ficar pronto no estado de São Paulo, mas leva três dias nas demais localidades – basta fazer a coleta, que ocorre por raspagem de nasofaringite. “É usado um tipo de cotonete fino e flexível com um algodão na ponta. Raspa-se bem no fundo do nariz. Os poucos estudos publicados mostram que essa é a região onde tem mais vírus”.

Já na empresa Dasa, que reúne mais de 30 marcas e 700 laboratórios, como Delboni Auriemo, Lavoisier Diagnósticos e SalomãoZoppi Diagnósticos, o teste está sendo feito desde o dia 11 de fevereiro. A opção é a mais rápida, já que entrega o resultado em até 24 horas. “A validação da Dasa se deu por meio de parceria com o Instituto de Medicina Tropical da USP, que recebeu amostra controle por ser instituição pública e de pesquisa, e ter prioridade no recebimento da amostra padrão”, declarou o grupo.

Na rede pública, o Instituto Adolfo Lutz e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aparecem como os laboratórios referência do Brasil para o diagnóstico da doença. De acordo com Granato, em caso de surto no país, os laboratórios privados podem auxiliar os laboratórios públicos. “Em 2009, quando ocorreu a situação com o H1N1, fazíamos 150 exames por dia. Enquanto estiver em uma situação controlada, o [Instituto] Adolfo Lutz vai suprir, mas, se o quadro mudar, a gente vai dar suporte ao sistema público”, informou.

Segundo todos os laboratórios consultados, os testes são realizados sob solicitação médica e os preços, que não foram divulgados, são definidos por cada rede.

É importante ter os recursos necessários, mas, por enquanto, não há motivo para preocupação, já que não há nenhum caso confirmado da doença no país.

 

Via: Estadão