Medidas de isolamento social evitaram mais de 118 mil mortes pelo novo coronavírus no Brasil durante o mês de maio, aponta um estudo realizado por professores da área de estatísticas econômicas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

A pesquisa, que ainda não foi submetida a revisão de pares, estabeleceu uma equação para estimar mortes e infecções provocadas pelo novo coronavírus em cenários com diferentes graus de distanciamento social. Para isso, os cientistas analisaram a transmissão do vírus nos diferentes estados do país e consideraram a taxa de isolamento social monitorada a partir do sinal GPS de celulares.

“Assim, conseguimos ver como teria sido a pandemia sem isolamento social, obtendo um número projetado de casos e, aplicando a taxa de letalidade do modelo epidemiológico da Covid-19 Brasil, chegamos a algumas estimativas de mortes que foram evitadas”, explicou o professor Caio Chain, ao jornal o Globo.

O Covid-19 Brasil é um grupo de pesquisadores dedicado a estimar os casos de subnotificação da doença no país. Portanto, o índice de letalidade do coronavírus previsto no modelo da iniciativa, calculado em 1,1%, difere de estatísticas oficiais.

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Até a quinta-feira (23), o Brasil contabilizava 84.082 mortes registradas de Covid-19, segundo balanço do Conass. Imagem: Reuters

Em maio, o país apresentou uma média de 44% de taxa de isolamento social. A pesquisa então estimou a quantidade de infecções e óbitos que poderiam ocorrer no mesmo mês caso o índice fosse de 25%, o mesmo registrado em fevereiro. No cenário mais provável, o Brasil teria encerrado maio com 147.447 mortes – isto é, 118 mil óbitos a mais do que os 29.367 registrados oficialmente.

Já o número de infectados seria de 3.590.795, quase sete vezes mais que os 514.992 computados em plataformas oficiais. Os resultados indicam também que cada 1% de elevação na taxa de isolamento social tende a reduzir em 37% a taxa de crescimento da transmissão da pandemia no país.

“Em outras palavras, a elevação do isolamento reduz a taxa de transmissão do vírus de forma significativa e mais que proporcional”, diz a pesquisa.

Isolamento pouco eficiente

Para os pesquisadores,  apesar do impacto significativo na redução de mortes no Brasil, o isolamento social empregado no país durante maio foi pouco eficiente se comparado com impacto de medidas mais rígidas aplicadas em outros países.

“O número de óbitos no Brasil em um mês, no cenário provável, seria 5x maior sem as medidas restritivas, o que indica um isolamento pouco eficiente. As estimativas, publicadas na revista científica Nature, verificaram que o número de mortes na Europa (11 países analisados) seria de 3,2 milhões de pessoas em vez de 129 mil, 25 vezes mais, se não fosse o conjunto de medidas de isolamento (“não farmacológicas”) adotado pelas autoridades entre março e abril, início da pandemia do coronavírus.”, afirma o estudo.

Via: O Globo