O Hospital Zhongnan, operado pela universidade de Wuhan em Wuhan, na China, está no centro da epidemia do Coronavírus COVID-19 que já infectou mais de 80 mil pessoas em todo o mundo. Por isso está testando novos métodos para agilizar a detecção dos casos, incluindo uma ferramenta de inteligência artificial.
O departamento de radiologia do hospital está usando uma ferramenta originalmente criada para detectar câncer no pulmão para buscar por sinais da pneumonia normalmente associada às infecções pelo COVID-19. O software foi desenvolvido por uma startup de Pequim chamada Infervision, e já está em uso em 34 hospitais, onde foi usado para analisar 32 mil casos.
A Infervision originalmente treinou seu software usando centenas de milhares de imagens dos pulmões de pacientes com câncer obtidas em grandes hospitais chineses. Mas logo no início da epidemia a empresa notou que vários hospitais na província de Hubei estavam usando um recurso pouco conhecido do sistema, capaz de detectar sinais de pneumonia.
As diretrizes do governo chinês para detecção de casos do COVID-19 recomendam o uso de raios-x do pulmão no diagnóstico, já que a pneumonia associada à doença produz “manchas” na imagem.
Com isso a equipe da Infervision trabalhou durante o ano-novo chinês e treinou uma nova versão de seu software com mais de 2.000 imagens de pacientes infectados com o COVID-19 obtidas no hospital Wuhan Tongji, um dos primeiros a receber pacientes com a doença.
O software da Infervision não substitui os exames de laboratório, que são a forma definitiva de detectar uma infecção pelo COVID-19. Entretanto, ajuda os médicos na triagem dos pacientes, especialmente em um momento em que os laboratórios estão sobrecarregados, e os resultados de exames podem demorar a sair.
Dada a urgência da epidemia, o software da Infervision está sendo usado sem aprovação da Administração Nacional de Produtos Médicos na China, que é rsponsável pela homologação de novos medicamentos e tratamentos. Mas segundo o CEO da empresa, Kuan Chen, no momento a prioridade é ajudar os médicos e pacientes.
“Sempre há riscos em qualquer ação durante uma epidemia como esta, mas o risco de inação é muito maior”, diz o executivo.
Fonte: Wired