Funcionários criticam Amazon nos EUA por omitir casos de Covid-19

Trabalhadores nos depósitos da empresa ficam sabendo sobre colegas contaminados por meio de rumores ou pelos jornais
Renato Santino26/03/2020 17h53, atualizada em 26/03/2020 18h00

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A Amazon está recebendo críticas pesadas de funcionários nos Estados Unidos. A empresa é acusada de não notificar casos de Covid-19 confirmados entre os trabalhadores de seus depósitos no país, forçando-os a se informar sobre os colegas contaminados por meio de rumores.

“Eles deveriam ter fechado o prédio e esterilizado todo o estabelecimento antes de nos deixar entrar. E eles deveriam ter realizado uma ligação automática para todos, porque você nunca sabe se você trombou com aquela pessoa no banheiro ou algo parecido, porque você não está só colocando sua vida em risco, você está colocando em jogo as vidas de todos com que você esteve em contato”, diz Bobbi Johnson, funcionário do depósito da Amazon em Detroit, ao site The Verge.

À publicação, seis funcionários criticaram diretamente a Amazon por ficar sabendo de uma contaminação por meio de outros colegas ou ficaram sabendo por meio de um canal de televisão local, o Local Four News, que havia recebido denúncia de uma trabalhadora que havia ouvido os rumores por sua filha, que trabalha em outro depósito. Quando a TV contatou a empresa, recebeu a confirmação do caso.

Funcionários dizem que levaram o assunto até a gerência, e foi só então que eles receberam a confirmação de que cinco pessoas tiveram contato com o trabalhador infectado, mas isso não é suficiente. Afinal de contas, ainda que os trabalhadores não tenham se aproximado, eles ainda dividem banheiros, equipamentos e salas de descanso, o que aumenta consideravelmente o número de infectados.

A situação nos depósitos da Amazon ficou complicada com o coronavírus. Cada vez mais pessoas estão isoladas em suas casas, recorrendo aos pedidos pelo site da empresa para receber itens básicos, como comida, produtos de higiene e limpeza. A empresa decidiu assumir essa posição de serviço essencial, mas isso significa sobrecarga de trabalho para os funcionários em um momento de crise, no qual muitos deles estão assustados e temendo pela própria saúde.

A Amazon tem tentado aliviar essa situação com a contratação de 100 mil pessoas e aumentando o salário e o pagamento de horas extras aos funcionários. A empresa também decidiu liberar os funcionários para que tirem folgas não-remuneradas ilimitadas, que normalmente geraria demissão.

Essa última decisão criou uma situação em que muitos funcionários vão ao trabalho, mas ficam por lá por poucas horas para evitar se expor demais. Funcionários acreditam que a gerência não revela os casos porque as pessoas deixarão de ir ao trabalho totalmente se os trabalhadores forem informados sobre as contaminações.

A Amazon já confirma que houve casos confirmados de Covid-19 em 10 depósitos espalhados pelos Estados Unidos. Em boa parte dos casos os funcionários só foram informados quando o assunto foi noticiado pelos jornais locais.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital