A farmacêutica britânica AstraZeneca anunciou que dobrou sua capacidade de fabricação de uma vacina em potencial contra o novo coronavírus para 2 bilhões de doses – e acordou em fornecer mais da metade delas a países pobres ou em desenvolvimento. A empresa diz que concordou em fornecer essas doses a custo e não terá lucro.

Os acordos foram feitos com o grupo de resposta a epidemias Cepi (Coalition for Epidemic Preparedness Innovations) e a aliança de vacinas Gavi (Global Alliance for Vaccines and Immunization) e são apoiados pela Organização Mundial da Saúde. O objetivo é responder às críticas de que a empresa estaria comprometendo todos os suprimentos iniciais da vacina aos países mais ricos.

A vacina, que está sendo desenvolvida em parceria com pesquisadores da Universidade de Oxford, já tem 300 milhões de doses prometidas para o governo dos Estados Unidos e outras 100 milhões para o Reino Unido. A entrega está prevista para começar entre setembro e outubro. Esses dois acordos levantaram preocupações de que os países ricos possam tentar monopolizar o fornecimento de vacinas e tratamentos vitais para a Covid-19.

“Nosso objetivo não é deixar ninguém para trás, e continuaremos trabalhando duro para garantir que esta vacina esteja rápida e amplamente disponível para todos em todo o mundo”, disse Pascal Soirot, CEO da AstraZeneca, em entrevista coletiva.

Cepi e Gavi, que contam com apoio da fundação criada por Bill Gates, gastarão US$ 750 milhões para permitir que 300 milhões de doses da vacina sejam produzidas e distribuídas em locais mais carentes já no fim do ano.

Em outro acordo, separado, o Serum Institute of India, uma empresa privada na Índia que fabrica vacinas, negociou um acordo de licenciamento para produzir 1 bilhão de doses para a Índia e outros países de baixa renda – com 400 milhões de doses a serem entregues até o final do ano.

A vacina AstraZeneca/ Oxford é considerada uma das mais promissoras. Atualmente está no estágio mais avançado dos ensaios clínicos, e é baseada em uma vacina semelhante que os pesquisadores de Oxford desenvolveram para tratar outro coronavírus, que causa Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers).

O Brasil irá participar dos testes para esta vacina. Serão dois mil voluntários, metade em São Paulo e metade no Rio de Janeiro, e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) será responsável por coordenar o ensaio clínico.

Via: Fortune/Reuters