Em postagem, novo ministro da Saúde defendeu isolamento horizontal

Antes de assumir a pasta no lugar de Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich classificou como 'perfeita' a condução da crise causada no Brasil pelo novo coronavírus
Renato Mota16/04/2020 20h21

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O médico oncologista carioca Nelson Luiz Sperle Teich foi o escolhido do presidente Jair Bolsonaro para substituir Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), demitido nesta quinta-feira (16) do Ministério da Saúde em meio à pandemia do novo coronavírus.

Teich chegou a ser cotado para a pasta ainda em 2018, quando atuou como consultor informal na campanha eleitoral de Bolsonaro. Ele já participou do governo como assessor de Denizar Vianna, secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde entre setembro de 2019 e janeiro de 2020.

Formado pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Teich especializou-se em oncologia no Instituto Nacional de Câncer (Inca) e fez doutorado em Ciências da Saúde – Economia da Saúde pela Universidade de York, do Reino Unido.

Sócio da Teich Health Care, uma consultoria de serviços médicos, o novo ministro defendeu em uma postagem no LinkedIn o chamado isolamento horizontal (ponto de ruptura entre Mandetta e Bolsonaro) como a melhor estratégia para o País no momento. “Além do impacto no cuidado dos pacientes, o isolamento horizontal é uma estratégia que permite ganhar tempo para entender melhor a doença e para implantar medidas que permitam a retomada econômica do país”, escreveu.

O médico ainda chamou de “desastrosa” a polarização que está acontecendo entre saúde e economia. “Esse tipo de problema é desastroso porque trata estratégias complementares e sinérgicas como se fossem antagônicas. A situação foi conduzida de uma forma inadequada, como se tivéssemos que fazer escolhas entre pessoas e dinheiro, entre pacientes e empresas, entre o bem e o mal”, afirmou.

Sobre um relaxamento nas medidas de isolamento, como defende o presidente, Teich argumentou que o isolamento vertical “tem fragilidades e não representaria uma solução definitiva para o problema”. Segundo o médico, “a maioria das transmissões acontecem a partir de pessoas sem sintomas”, e que “se deixarmos as pessoas com maior risco de morte pela Covid-19 em casa e liberarmos aqueles com menor risco para o trabalho, com o passar do tempo teríamos pessoas assintomáticas transmitindo a doença para as famílias, para as pessoas de alto risco que foram isoladas e ficaram em casa”.

No mesmo artigo, Teich chamou de “perfeita” a condução da crise no Brasil até o momento. “Pacientes e Sociedade foram priorizadas e medidas voltadas para o controle da doença foram tomadas. Essa escolha levou a riscos econômicos e sociais, que foram tratados com medidas desenhadas para resolver possíveis desdobramentos negativos das ações na saúde”.

De acordo com o jornal O Globo, Teich esteve com o presidente nesta quinta-feira e avaliou como um “equívoco” o fato de saúde e economia não estarem trabalhando juntos no combate ao novo coronavírus. O novo ministro ainda cobrou mais dados reais sobre a doença no País, e propôs uma série de ações para mapear o avanço da Covid-19, especialmente nas periferias.

O médico ainda teria sugerido que o governo divulgue diariamente dados de pacientes curados, para “acabar com o pânico” e “dar um ar de esperança” aos infectados.

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital