Dinamarca planeja abater população de visons para conter mutação do coronavírus

Governo diz temer que mutação possa escapar da resposta imunológica produzida pelas vacinas em testes ou por uma infecção prévia
Renato Santino05/11/2020 01h19

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Desde o início da pandemia, uma espécie de animais se mostrou mais suscetível ao contágio e transmissão do Sars-Cov-2, o vírus causador da Covid-19: os visons, normalmente criados para extração da pele. Agora, a Dinamarca se viu com um problema grande, quando uma nova mutação do vírus ligada aos animais infectou 12 pessoas no norte do país.

Após a detecção da mutação, o governo dinamarquês se prepara para tomar medidas drásticas e abater toda a população de visons nas fazendas do país, estimada entre 15 milhões e 17 milhões, para tentar conter o problema. Foram detectados cinco animais com a nova mutação.

Mutações de vírus são uma parte natural de sua biologia, e não necessariamente representam um perigo maior ou menor para quem é infectado. No entanto, Mette Frederiksen, primeiro-ministro dinamarquês, diz que neste caso, as autoridades de saúde acreditam que a nova variação pode ter uma menor sensitividade aos anticorpos produzidos contra versões mais antigas do vírus, como relata a agência Reuters.

Na prática, isso significaria que uma pessoa que tenha sido infectada poderia estar mais suscetível a uma reinfecção. Isso também poderia atrapalhar os esforços globais para o desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19.

Até o momento, todas as mutações detectadas do Sars-Cov-2 não afetam especificamente a forma como o vírus interage com os anticorpos, já que não afetaram significativamente a proteína S (ou “spike”) utilizada para ligar-se aos receptores celulares e invadir as células e que são atacadas pela resposta imunológica do organismo. Recentemente, no entanto, foi detectada uma mutação na proteína, mas que também não parece ser especificamente na área atacada pelos anticorpos e não deve ser relevante o suficiente para atrasar uma vacina.

Independentemente da mutação, os visons têm se mostrado um problema no mundo inteiro pela sua suscetibilidade ao coronavírus, com surtos em fazendas relatados na Holanda, na Espanha, nos Estados Unidos e, agora, na Dinamarca, onde o Ministério da Saúde local já identificou que metade dos 783 casos de Covid-19 no norte do país são ligados ao animal.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital