Covid-19: cientistas explicam possível motivo da perda de olfato

Obstrução da chamada fenda olfatória pode explicar dificuldade em sentir cheiro ao ser infectado pela doença
Luiz Nogueira22/06/2020 15h27

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Desde os primeiros casos registrados do novo coronavírus em Wuhan, cientistas tomaram conhecimento de que a perda de olfato era um dos sintomas mais comuns da doença. Agora, após meses do primeiro caso e diversos estudos feitos, especialistas parecem ter entendido o que pode causar a ausência de cheiros nos infectados.

É bastante comum que infecções virais façam com que o olfato seja prejudicado. Isso acontece porque o nariz ficar entupido, o que impede que as moléculas de aroma atinjam os receptores olfativos do trato respiratório superior. Isso ocorre, principalmente, em resfriados comuns e crises de sinusite, por exemplo. Na maioria desses casos, os cheiros retornam assim que os sintomas desaparecem.

No entanto, com o novo coronavírus o padrão é diferente. Muitos dos infectados pela doença relataram uma perda repentina de olfato e, em seguida, um retorno repentino em uma ou duas semanas. O curioso nesses casos é que os indivíduos relatam que o nariz estava limpo, sem qualquer obstrução.

Usando resultados de tomografias computadorizadas, foi possível verificar que as áreas que causam o cheiro, chamada de fenda olfatória, estavam obstruídas por um tecido mole e muco inchado. O resto do nariz, no entanto, permanecia sem qualquer problema, o que garantia boa respiração.

Inicialmente, pensava-se que o vírus infectava e destruía os neurônios olfativos – células que transmitem o sinal de aroma captado pelo nariz para área do cérebro em que esses sinais são interpretados. No entanto, ao que parece, ele apenas causa um inchaço na área, fazendo com que os neurônios olfativos permaneçam intactos, mesmo que o vírus esteja presente.

Demora para voltar a sentir cheiros

Mesmo que ocorra apenas uma obstrução da área em que o cheiro é captado – e que deveria ser resolvida em pouco tempo -, em alguns casos, pessoas infectadas relatam que o olfato demorou para ser reestabelecido – muito tempo após os sintomas terem amenizado ou desaparecido. A explicação para isso pode estar em um efeito chamado “dano por respingo”.

Quando há uma grave inflamação, as células ao redor do local começam a ser danificadas ou destruídas. Por conta disso, a recuperação é mais lenta, pois demora mais tempo até que se regenerem por completo. Pode ser exatamente isso que acontece no nariz quando alguém infectado pela doença é curado.

Além disso, a recuperação inicial desses casos é frequentemente associada à distorção do olfato, em que as coisas não cheiram como costumavam. Por exemplo, o cheiro de café é frequentemente descrito como de algo queimado, químico ou sujo.

Via: ScienceAlert

Luiz Nogueira
Editor(a)

Luiz Nogueira é editor(a) no Olhar Digital