Covid-19: buscas por sintomas no Google antecipam os surtos da doença

Pesquisadores apontam relação entre contágio e volume de buscas; técnica semelhante já se mostrou efetiva em relação à gripe
Davi Medeiros14/09/2020 18h52, atualizada em 14/09/2020 19h13

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Um estudo publicado no periódico da American Gastroenterological Association sugere que as pesquisas realizadas no Google podem prever a incidência de novos focos da Covid-19. Os cientistas consideraram a popularidade das buscas por alguns sintomas relacionados à doença entre janeiro e abril de 2020.

O grupo de sintomas delimitado para a pesquisa abrange condições gastrointestinais frequentemente associadas ao novo coronavírus, como perda do paladar e do apetite, dor abdominal, diarreia e vômito.

Por meio do Google Trends, os cientistas compararam o volume das pesquisas por esses termos com a incidência relatada de casos da Covid-19 em 15 estados dos EUA, e descobriram que as buscas estavam de fato associadas a diagnósticos da doença notificados nas semanas seguintes.

“As pesquisas por sintomas gastrointestinais precederam o aumento da Covid-19 de forma significativa, mesmo com as confirmações demorando um pouco mais que o intervalo de uma a duas semanas observado em estudos anteriores sobre a gripe”, afirma o gastroenterologista Imama Ahmad, autor principal do estudo.

A relação entre buscas no Google e a gripe foi identificada há mais de 11 anos por um estudo publicado na Nature. Agora, os pesquisadores indicam que a mesma técnica pode sinalizar as regiões que estão prestes a se tornarem focos da doença.

Reprodução

Busca por sintomas no Google pode ajudar as autoridades médicas a prever focos da Covid-19. Imagem: Aapsky/Shutterstock

“Nossos dados ressaltam o papel dos sintomas gastrointestinais como precursores da infecção pelo novo coronavírus, e demonstram que o Google Trends pode ser uma ferramenta valiosa para a previsão de pandemias que se manifestem por meio desses e de outros sintomas”, explicam os pesquisadores.

Eles reconhecem, no entanto, que o estudo tem uma limitação importante: como as buscas no Google são anônimas, é praticamente impossível filtrar algumas variáveis que poderiam influenciar os resultados. Não se sabe, por exemplo, se a mesma pessoa procurou por informações sobre mais que um sintoma.

Para colaborar nesse aspecto, o Google anunciou que vai passar a providenciar esse tipo de dados para fins científicos. A expectativa, com isso, é auxiliar os municípios americanos na antecipação de medidas destinadas ao combate da pandemia em áreas onde o aumento do contágio é provável.

Via: Science Alert

Colaboração para o Olhar Digital

Davi Medeiros é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital