Covid-19: Anvisa também proíbe venda de ivermectina sem receita

Medicamento para tratar infestações por parasitas tem sido usado no tratamento de pacientes com o novo coronavírus; desrespeito à resolução passa a ser considerado infração sanitária
Fabiana Rolfini24/07/2020 19h03, atualizada em 24/07/2020 19h07

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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu na quinta-feira (23) estender a necessidade de retenção de receita para mais um medicamento que tem sido usado – isoladamente ou em associação – no tratamento de pacientes com o novo coronavírus.

Agora, remédios com ivermectina – usada para tratar vários tipos de infestações por parasitas – também só poderão ser adquiridos com apresentação de receita médica, assim como já era exigido para cloroquina, hidroxicloroquina e nitazoxanida. Segundo nota enviada pela Anvisa à CNN, a resolução visa inibir a “compra indiscriminada” desses medicamentos.

A mudança também permite a inclusão de novos medicamentos nesta norma, voltada especificamente para remédios utilizados indiscriminadamente no combate à Covid-19. Segundo a resolução publicada no Diário Oficial da União, a prescrição desses medicamentos só poderá ser realizada por “profissionais legalmente habilitados”.

A receita médica para essas substâncias deverá ser feita em duas vias, e conter obrigatoriamente diversos dados – assim como nas receitas para antibióticos. A primeira via deverá ser retida pela farmácia, que deverá guardar e “manter à disposição das autoridades sanitárias” por dois anos. Já a segunda via será devolvida ao paciente.

O desrespeito à resolução da Anvisa passa a ser considerado “infração sanitária”.

Tratamento com cloroquina

O mais recente capítulo da novela sobre o uso ou não da cloroquina contra a Covid-19 foi um estudo feito por pesquisadores da Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet), do Brazilian Clinical Research Institute (BCRI) e dos hospitais Albert Einstein, HCor, Sírio-Libanês, Moinhos de Vento, Oswaldo Cruz e Beneficência Portuguesa.

A pesquisa concluiu que o uso de hidroxicloroquina (sozinha ou com azitromicina) não melhorou o estado clínico de pacientes hospitalizados com Covid-19. Os resultados foram publicados no New England Journal of Medicine.

Esta foi a maior pesquisa realizada no Brasil sobre o efeito do medicamento, com 665 pessoas internadas com suspeita ou confirmação de infecção pelo novo coronavírus a pelo menos 14 dias desde o início dos sintomas. Por sorteio, 217 pacientes foram designados para receber hidroxicloroquina mais azitromicina, 221 para receber só hidroxicloroquina e 229 para receber atendimento padrão, sem o medicamento.

Reprodução

Hidroxicloroquina não tem comprovação científica contra a Covid-19. Foto: Matthew de Lange

Depois de 15 dias, uma porcentagem muito similar dos três grupos teve alta: 69% dos pacientes do primeiro, 64% do segundo e 68% do terceiro. O mesmo cenário foi observado nos óbitos, com cerca de 3% em todos os grupos. A pesquisa foi do fim de março até meados de maio em 55 hospitais, com o acompanhamento finalizado no início de junho. Os avaliados tinham cerca de 50 anos, e 40% deles eram hipertensos, 21% diabéticos e 17%, obesos.

Porém, os próprios pesquisadores reconhecem que os testes tiveram várias limitações, como encontrar pacientes que não fizeram uso prévio desses medicamentos,

Via: CNN

Fabiana Rolfini é editor(a) no Olhar Digital