Cientistas estudam os ‘disseminadores silenciosos’ que espalham o coronavírus

Pesquisadores analisaram uma missa do dia 19 de janeiro em Singapura, encontro que ajudou a espalhar o vírus pela região
Redação03/06/2020 00h05, atualizada em 03/06/2020 00h45

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Cientistas estão tentando desvendar um dos mistérios envolvendo uma característica bem peculiar do novo coronavírus, que o torna ainda mais perigoso: o comportamento do vírus em pessoas que foram contaminadas, mas nunca chegaram a apresentar sintomas da doença.

Os pesquisadores afirmam que é fundamental descobrir quantas pessoas estão nessa categoria e se elas estão disseminando silenciosamente a doença, o que agrava ainda mais a pandemia.

O grupo de cientistas usou como base uma missa que aconteceu em uma igreja em Singapura, no dia 19 de janeiro. Por mais normal que tenha parecido, a missa teve um impacto considerável na disseminação do vírus naquela região.

Reprodução

Foto: AltoClassic/ iStock

Entre os que compareceram ao encontro estava um casal chinês, ambos com 56 anos de idade, que havia chegado da China naquele mesmo dia. Nenhum deles apresentava sintomas, mas já estavam contaminados. Três dias depois, no dia 22 de janeiro, a mullher contaminada começou a manifestar sintomas da doença, dois dias depois o mesmo aconteceu com seu marido.

Nas três semanas seguintes, três pessoas na comunidade também adoeceram aparentemente sem nenhum contato com outros doentes, o que deixou os médicos intrigados. “Ficamos extremamente perplexos. Pessoas que não se conheciam pareciam ter transmitido a doença entre si (sem apresentar sintomas da doença)”, afirmou Vernon Lee, diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde de Singapura.

Um grupo formado por Lee, outros pesquisadores, policiais e especialistas iniciou uma investigação, com complexos diagramas e mapas que mostravam onde cada pessoa havia circulado naqueles dias. Esse foi um dos primeiros casos de uso do rastreamento de contatos para conter o vírus, método adotado por muitos governos desde então.

O grupo conseguiu entrevistar 191 pessoas e descobriu que 142 delas haviam estado na missa do dia 19 de janeiro. Duas das três pessoas doentes também estavam na missa em Singapura.

A terceira pessoa infectada, mesmo sem ter participado da missa, foi contaminada na mesma igreja, poucas horas depois. Imagens de câmeras de segurança revelaram que ela havia se sentado nos mesmos assentos usados pelo casal chinês. Confira a tabela para entender melhor:

Reprodução

Ligação entre os casos resultantes da missa e as pessoas que vieram de Wuhan, China. Foto: BBC/G1

Mesmo sem apresentar nenhum sintoma naquele fatídico dia 19 de janeiro, o casal chinês conseguiu espalhar o vírus pela comunidade.

Esse estudo revela que existe um período chave de 24 a 48 horas antes do surgimento de sintomas em que as pessoas podem contaminar outras com a doença. Isso significa que algumas poderiam se isolar das demais antes mesmo de apresentar qualquer sintoma da doença, assim que souberem que tiveram contato com alguém que ficou doente.

Via: G1

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital