A pesquisa por uma vacina eficaz contra o coronavírus deu mais um salto nesta terça-feira (14). A China deu autorização para que dois protótipos possam ser testados em humanos, o que é um passo mais crucial para saber se elas são, ou não, seguras e capazes de imunizar as pessoas contra a Covid-19.
Segundo a agência estatal Xinhua, as empresas que receberam a autorização foram a Sinovac Biotech, de Pequim, e o Instituto de Produtos Biológicos de Wuhan, vinculado à estatal Sinopharm (China National Pharmaceutical Group). A Comissão Nacional de Saúde também confirmou a autorização à Al Jazeera.
As duas candidatas a vacina se juntam a um terceiro projeto que já havia sido autorizado em março pelo governo chinês. A primeira pesquisa autorizada a prosseguir com testes clínicos foi a da Academia de Ciências Médicas Militares, ligada às forças armadas chinesas, e da empresa de biotecnologia CanSino Bio.
O primeiro projeto chinês aprovado para testes em humanos, inclusive, já está avançando para uma segunda etapa. Na primeira, 500 pessoas se voluntariaram para participar dos experimentos que determinam a segurança da vacina. Agora, nesta segunda etapa, os pesquisadores introduzirão um segundo grupo de controle, no qual as pessoas receberão apenas um placebo que não deve ter qualquer eficácia contra o vírus. Nesta etapa, os cientistas analisarão se a vacina tem sucesso ou não, comparando os resultados do grupo de controle com os do grupo que recebeu a vacina efetiva.
A China não é o único país progredindo com os testes de vacinas em humanos. Nos Estados Unidos, a empresa farmacêutica Moderna também anunciou em março que havia começado os testes com seres humanos em conjunto com o Instituto Nacional de Saúde, órgão estatal do país.
China e Estados Unidos vivem situações bastante diferentes neste momento com a situação da Covid-19. Os chineses estão começando a reabertura após mais de dois meses de isolamento da região de Wuhan, enquanto os americanos parecem estar vivendo a fase mais crítica da doença, chegando a registrar mais de 2.000 mortes em apenas um dia.
Mas é seguro?
Aparentemente, os órgãos regulatórios estão queimando algumas etapas para que a vacina seja testada e disponibilizada o mais rápido possível, diante do tamanho da crise global que o vírus está causando.
“Normalmente, com vacinas você começa com animais pequenos, depois testa em outros primatas para só então começar a testá-la em humanos. Parece que eles decidiram avançar direto para os humanos”, explica John Nicholls, professor de Patologias na Universidade de Hong Kong à Al Jazeera.
Nicholls também recomenda que os testes deveriam ser conduzidos primariamente em pessoas mais velhas, que têm sido as principais vítimas do vírus até o momento, o que permitiria ver como a resposta dos anticorpos dos organismos dos idosos respondem à vacina.