Mais uma vacina contra Covid-19 está pronta para testes com voluntários humanos. Agora, é a vez do Canadá se juntar ao grupo de países que se entraram na fase de testes clínicos de uma solução capaz de gerar humanidade contra o coronavírus, em experimentos conduzidos pelo Centro Canadense de Vacinologia (CCfV) da Universidade Dalhousie, de Halifax.
Como anunciou o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau, os testes serão desenvolvidos em parceria com uma empresa chinesa de biotecnologia, a CanSino, que desenvolveu o projeto de vacina batizado de Ad5-nCoV.
O Ad5-nCoV utiliza uma técnica similar à da vacina desenvolvida por Oxford, descrita pelo Olhar Digital neste link. Ela consiste na utilização de um vírus modificado em laboratório para não ser capaz de infectar humanos. Seu exterior é revestido com a proteína “Spike”, que dá ao coronavírus o seu formato de coroa e é crucial para que ele seja capaz de injetar seu material genético nas células para causar infecção e poder se replicar, como explica Scott Halperin diretor do CCfV ao site canadense CBC.
Os pesquisadores esperam que, dando ao organismo a chance de entrar em contato com a proteína em um vírus incapaz de causar danos, o sistema imunológico pode desenvolver os anticorpos adequados para anular uma infecção real de Covid-19 se ela vier a acontecer.
Como acontece em todos os testes de vacina, os experimentos serão feitos por etapas. Na primeira delas, os pesquisadores buscam entender a segurança do composto e qual dosagem tem mais chances de oferecer benefícios e minimizar riscos. Por isso, nesta fase, o grupo de testes é pequeno: apenas 100 pessoas com boa saúde, com idade variando entre 18 e 55 anos. Se for constatado que a vacina é segura, pessoas mais velhas poderão ser incluídas.
Na sequência, na fase 2, eles buscarão mais 500 participantes, com uma faixa etária mais ampla, de 18 a 85 anos. É nesta etapa que os cientistas esperam ver se os participantes desenvolvem a resposta imunológica esperada. Os voluntários serão acompanhados de perto por um período de seis meses, nos quais deverão se apresentar regularmente para exames de sangue para acompanhar seus anticorpos. Eles também precisarão manter um diário de sintomas, para analisar possíveis efeitos colaterais desenvolvidos no período.
Se os números forem positivos após a fase 2, a etapa seguinte deve entrar em andamento entre o fim do terceiro trimestre e início do último trimestre de 2020. Neste momento definitivo, os pesquisadores esperam ver se a vacina realmente protege os voluntários do vírus quando expostos a ele, e, se os resultados forem os esperados, a produção em massa pode começar, mas essa fase é mais demorada. No entanto, a agência de saúde canadense pode, se julgar necessário, aprovar uma licença de emergência para que a vacina possa ser aplicada antes da conclusão da fase 3.